As Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram nesta quarta-feira (17) que irão disponibilizar uma passagem provisória para facilitar a saída dos residentes palestinos da cidade de Gaza, localizada na parte norte do território. A via será a estrada Salah al-Din e permanecerá acessível por 48 horas, conforme anunciado pelas autoridades militares.
O porta-voz das IDF, Avichay Adraee, declarou que a iniciativa tem como objetivo promover a mobilidade em direção ao sul. Ele explicou: “Para facilitar o deslocamento para o sul, será aberta uma rota transitável temporária pela rua Salah al-Din. Você poderá atravessá-la e seguir em direção ao sul de Wadi Gaza”.
Essa decisão ocorre um dia após as tropas israelenses iniciarem uma nova ofensiva terrestre na região, considerada pela defesa israelense como o núcleo do Hamas dentro do enclave palestino. A área é marcada por uma vasta rede de túneis subterrâneos usados como rotas de fuga, armazenamento de armamentos e, em alguns casos, como locais de detenção de reféns.
Desde o começo de setembro, o exército israelense tem ordenado a evacuação imediata da cidade, com aproximadamente 40% dos cerca de um milhão de habitantes já deixando a região rumo ao sul de Gaza, de acordo com informações das IDF. Muitos desses civis, entretanto, enfrentam dificuldades ou não dispõem de recursos para se deslocar novamente.
A nova operação militar foi duramente criticada por organizações humanitárias. A ONU alertou que a ação poderá ocasionar um massacre de civis, além de deslocamentos forçados adicionais e destruição de infraestrutura vital, incluindo hospitais e abrigos.
A entidade também condenou a orientação do exército israelense para que os palestinos busquem refúgio na zona humanitária de Al Mawasi, no sul, que permanece sob fogo e possui acesso limitado a serviços essenciais como água. A avaliação da ONU é de que “não há mais nenhum local seguro em Gaza”.
Segundo António Guterres, secretário-geral da ONU, o que se observa é uma “massacre em escala que não recordo em qualquer conflito desde que assumi o cargo. O povo palestino está sofrendo bastante”.
Nos últimos dois dias, aproximadamente 150 pontos na cidade de Gaza foram alvos de ataques, incluindo uma instalação considerada pelos militares israelenses como “local de preparação de armamentos do Hamas”. As forças de Israel continuam empregando forte artilharia, com a intenção de atingir todos os objetivos militares. Adraee afirmou que a operação prosseguirá até que o Hamas seja completamente derrotado e seus reféns sejam libertados, sem hesitações.