20/09/2025 17:47:33

Acidente
17/09/2025 10:00:00

Impacto prolongado das tarifas de Trump: prejuízo de quase 10 mil produtos após 40 dias de medidas

Exportações brasileiras enfrentam quedas significativas devido às tarifas americanas, incluindo setores como cafés especiais e calçados

Impacto prolongado das tarifas de Trump: prejuízo de quase 10 mil produtos após 40 dias de medidas

Já se passaram mais de seis semanas desde que as tarifas impostas pelos Estados Unidos começaram a afetar o comércio bilateral, e o balanço indica um prejuízo de aproximadamente 9.700 itens brasileiros. A lista divulgada na última sexta-feira (12), pelo governo federal, detalha os produtos considerados impactados, conforme o sistema da Nomenclatura Comum do Mercosul, incluindo uma sobretaxa de 50% por decisão do ex-presidente Donald Trump.

O documento, dividido em duas partes, apresenta 9.075 códigos comerciais que serão automaticamente considerados na análise do faturamento com exportações para os EUA. Já a segunda seção envolve 702 códigos que ainda dependem de declarações autodeclaradas pelas empresas, para comprovar os efeitos negativos nas vendas externas.

Esse período de 40 dias coincide com o momento em que o Brasil tenta resistir às pressões econômicas, enquanto enfrenta também a possibilidade de novas sanções. Apesar de o desenho da tarifa não ter sofrido alterações desde 6 de agosto, seus efeitos já são sentidos na economia brasileira.

Produtos estratégicos como aeronaves, componentes, combustíveis e celulose foram excluídos da tarifa após decisão da Representação Comercial dos EUA (USTR), mas setores tradicionais, como carnes, cafés e pescados, continuam sob o impacto da sobretaxa, com incertezas sobre o futuro das exportações a esses mercados.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Amcham Brasil) revelam que as exportações brasileiras totalizaram US$ 26,6 bilhões de janeiro a agosto, um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024, marcando recorde histórico para esse intervalo.

Por outro lado, as vendas em agosto sofreram uma redução de 18,5%. Particularmente, os itens sujeitos à tarifa de 50% apresentaram uma queda de 22,4% no mês, influenciando o resultado geral das exportações. Alguns produtos, no entanto, mantiveram desempenho positivo devido à antecipação de embarques, tendo uma queda mais moderada de 7,1% no mês e 10,3% no acumulado do ano.

Contrariando a narrativa de Donald Trump de que o Brasil seria um parceiro comercial “ruim”, os números do último mês demonstram o contrário: o superávit dos EUA com o Brasil cresceu 355%, atingindo US$ 3,4 bilhões, enquanto o déficit americano com o resto do mundo aumentou 22,4%, chegando a US$ 809,3 bilhões.

Mesmo sem apoio imediato do governo brasileiro e com negociações estagnadas, o setor produtivo busca mitigar os prejuízos. Os calçados brasileiros, por exemplo, tiveram uma queda de 17,6% nas exportações em agosto, comparadas ao mesmo mês do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

Uma pesquisa da mesma entidade aponta que 73% das empresas do setor sofreram perdas de faturamento devido às tarifas, enquanto 60% relataram cancelamentos de pedidos. No segmento de cafés especiais, cuja colheita é manual e de qualidade superior, as exportações despencaram 79,5% em relação ao ano anterior e 69,6% ante julho, com vendas de apenas 21.700 sacas.

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), até agosto, os EUA lideravam as vendas externas, mas foram ultrapassados por Holanda, Alemanha, Bélgica, Itália e Suécia, respectivamente, com destaque para o impacto das tarifas na redução do comércio brasileiro com os Estados Unidos.