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Acidente
16/09/2025 22:00:00

Tensão Diplomática Entre Brasil e EUA Se Intensifica Após Declaração Polêmica de Oficial Americano

Rubio acirra o conflito ao relacionar condenação de Bolsonaro a uma crise de direitos no Brasil, agravando os atritos bilaterais

Tensão Diplomática Entre Brasil e EUA Se Intensifica Após Declaração Polêmica de Oficial Americano

Na escalada de desacordos entre Washington e Brasília, uma declaração recente do senador Marco Rubio tem contribuído para o fortalecimento das divergências diplomáticas. Em discurso feito na segunda-feira, 15 de setembro de 2025, Rubio associou a sentença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a um colapso do Estado de Direito no Brasil, transformando o episódio judicial em uma peça-chave de uma disputa mais ampla com o governo brasileiro.

Rubio afirmou que o país sul-americano enfrenta uma deterioração do sistema judicial, acusando a Primeira Turma do STF de aplicar uma pena de 27 anos e três meses ao ex-mandatário por crimes contra a democracia, que ele descreveu como parte de uma "campanha de repressão judicial". O senador norte-americano também fez críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de promover "perseguição política" e ameaçar cidadãos americanos por suas atividades na internet.

Durante entrevista à Fox News, Rubio declarou que os Estados Unidos planejam uma resposta a essas ações, já que alguns juízes ativistas, incluindo Moraes, teriam tentado estender suas ações para além das fronteiras brasileiras, atacando cidadãos americanos e indivíduos residindo nos EUA. Segundo ele, essa postura provocou uma resposta aguardada de Washington. A declaração do político reforça o tom de hostilidade que a diplomacia norte-americana adotou desde o início do julgamento de Bolsonaro. Antes, Rubio já havia classificado Moraes como "violador de direitos humanos", além de suspender o visto do ministro e de seus familiares próximos.

Essa postura foi acompanhada por outras expressões oficiais do Departamento de Estado, que concordaram que as ações do STF colocam as relações bilaterais em um dos seus momentos mais críticos em duas décadas. O vice-secretário Christopher Landau afirmou que o conflito levou os laços entre os dois países ao seu ponto mais sombrio em duas centenas de anos, enquanto Darren Beattie, subsecretário de diplomacia pública, alegou que a condenação de Bolsonaro representa uma "forma de censura" que os EUA levarão a sério.

No Congresso, alguns legisladores republicanos também fortaleceram a postura contra o Brasil. Deputados como Rich McCormick, da Geórgia, defendem sanções àqueles ministros do STF considerados responsáveis pelas ações contra Bolsonaro e afirmam que os Estados Unidos apoiam o povo brasileiro. A primeira condenação de Bolsonaro pela turma do STF, ocorrida na última quinta-feira, 11 de setembro, já provocou reações oficiais por parte dos EUA, com Marco Rubio prometendo uma resposta adequada.

Em uma publicação no X (antigo Twitter), o secretário de Estado norte-americano criticou a prisão do ex-presidente, atribuindo-a a "perseguições políticas" promovidas por Moraes e outros integrantes do tribunal. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil reagiu rapidamente às declarações de Rubio, reforçando que tais ameaças não irão intimidar a soberania nacional. Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que continuará defendendo o país de quaisquer tentativas externas de interferência. Essa escalada de retórica aumenta o risco de novas medidas restritivas por parte dos Estados Unidos.

Atualmente, produtos brasileiros enfrentam uma tarifa de 50% ao entrarem no mercado norte-americano, uma penalidade que foi parcialmente retirada em setembro, mas que ainda pode ser reforçada novamente. Além disso, indivíduos ligados às ações judiciais contra Bolsonaro já estão sob sanções individuais, como o congelamento de bens de Moraes nos EUA e a proibição de manter relações financeiras no país. No cenário político interno, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, reforçou a expectativa de maior pressão internacional.

Ele mantém contatos com membros do governo Trump e congressistas do Partido Republicano. Antes da condenação, esteve em Washington ao lado de Paulo Figueiredo, defendendo a anistia a Bolsonaro e buscando apoio contra o que denomina "perseguições judiciais" no Brasil. A atual fase da crise marca a mais severa tensão diplomática entre Brasília e Washington desde o início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto Trump, questionado sobre o caso, adotou uma postura cautelosa, afirmou que considerava Bolsonaro um bom presidente e que ficou surpreso com a condenação, sugerindo semelhanças com sua própria experiência política. A postura de seu setor mais alinhado à política de Trump promete ampliar a pressão, alimentando a possibilidade de novos confrontos tanto na esfera diplomática quanto na econômica e judicial, sinalizando um período de instabilidade nas relações bilaterais.