No Brasil, o suicídio continua sendo uma questão de saúde pública alarmante, com mais de 15 mil fatalidades anuais registradas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Para aumentar a conscientização, o Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), ligado à Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), reforça a relevância da campanha Setembro Amarelo.
Pedro Bradley, psiquiatra e residente do HEPR, explica que a iniciativa é fundamental por alertar a população sobre a prevenção desse problema, que resulta de uma combinação complexa de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Segundo ele, a ciência demonstra através de estudos de grande escala que certos elementos aumentam a vulnerabilidade de uma pessoa, sendo os transtornos mentais e condições clínicas os mais influentes, seguidos pelo histórico familiar e fatores genéticos.
Ele destaca que possuir um ou mais desses fatores não garante que alguém irá cometer suicídio, mas indica uma suscetibilidade que exige atenção e cuidado especiais. Bradley também ressalta que muitos episódios podem ser precedidos por sinais de advertência, e reconhecê-los é essencial para prevenir tragédias. Entre os sinais mais comuns, estão declarações explícitas, como dizer que deseja desaparecer, que não quer mais viver, ou que planeja se tirar a vida. Sentimentos de desesperança, inutilidade, culpa ou vergonha também são sinais importantes.
Mudanças drásticas no humor, ansiedade, irritabilidade, isolamento social ou aumento da dor emocional e física são outros indícios que devem ser observados com atenção, especialmente em pessoas próximas. Para ajudar alguém em risco, o especialista recomenda uma conversa aberta, escuta sem julgamentos e incentivo à busca por apoio profissional, inclusive oferecendo-se para marcar consultas ou acompanhar a pessoa.
Caso necessário, deve-se procurar uma emergência psiquiátrica ou entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188, que oferece atendimento gratuito, confidencial e 24 horas por dia. Dados internacionais apontam que homens apresentam taxas de suicídio superiores às mulheres, influenciados pela relutância em procurar ajuda para problemas de saúde mental. No Brasil, o número de suicídios cresceu 43% na última década, passando de 9.454 casos em 2010 para 13.523 em 2019.
O aumento de casos entre adolescentes também é preocupante, com uma elevação de 81%, passando de 3,5 para 6,4 registros por cada 100 mil jovens. Entre menores de 14 anos, houve um aumento de 113% na mortalidade por suicídio de 2010 a 2013, tornando-se a quarta maior causa de morte em jovens de 15 a 29 anos.
Além disso, populações vulneráveis como homens idosos, indivíduos LGBTQIA+, comunidades indígenas e pessoas com doenças crônicas ou incapacidades estão entre os grupos mais afetados, reforçando a necessidade de atenção e ações preventivas eficazes.