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Acidente
16/09/2025 18:00:00

Operações Militares de Israel em Gaza Intensificam Conflito e Geram Preocupações Internacionais

Avanço terrestre e bombardeios aumentam a crise humanitária na maior cidade do território palestino, enquanto o mundo observa com apreensão

Operações Militares de Israel em Gaza Intensificam Conflito e Geram Preocupações Internacionais

As forças armadas israelenses deram início a uma ofensiva terrestre na Cidade de Gaza nesta terça-feira (16/09), aproximando-se do centro urbano que já sofreu múltiplas destruições durante o combate entre Israel e o Hamas. Os ataques aéreos, que haviam sido reforçados nas semanas anteriores, continuaram a aumentar, levando moradores a receberem ordens de evacuação rumo ao sul do território.

Este movimento marca uma intensificação do conflito, agravando uma crise que já abala toda a região do Oriente Médio. Apesar de meses de esforços diplomáticos, qualquer possibilidade de cessar-fogo parece cada vez mais distante. O exército israelense não divulgou um cronograma oficial para o avanço, mas a mídia local indica que a operação pode se estender por vários meses.

Antes do início da ofensiva, o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que “Gaza está em chamas”. Ao mesmo tempo, especialistas contratados pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas denunciaram Israel por genocídio na região, juntando-se a um coro internacional de vozes de condenação.

Segundo essas organizações, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Isaac Herzog e o ex-ministro Yoav Gallant são acusados de “incitar o genocídio” na Faixa de Gaza, sem que medidas tenham sido tomadas para impedir tais incitações. O governo israelense rebateu as acusações, classificando o relatório como “distorcido e falso”.

Desde o início da operação em outubro de 2023, já foram registrados aproximadamente 65 mil mortos na faixa, incluindo mais de 19 mil crianças, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza ligado ao Hamas. O conflito começou após ataques terroristas do grupo palestino ao sul de Israel em 7 de outubro, que causaram mais de 1.200 mortes e 251 reféns.

Durante a noite e madrugada, as Forças Armadas israelenses realizaram um ataque de grande escala na Cidade de Gaza, enquanto suas tropas avançavam na maior área urbana do território. Um oficial de defesa afirmou à imprensa que “a fase principal do plano para Gaza começou ontem à noite” e que as forças terrestres expandiram suas atividades na região, que é considerada um reduto do Hamas.

Segundo ele, as tropas estão se dirigindo ao centro da cidade, onde estima-se que entre dois mil e três mil combatentes do Hamas operem. A estação de rádio Kan reportou que tanques avançaram pela rua Al Jalaa, no coração da capital, enquanto fontes locais indicaram que os veículos militares recuaram e retomaram o controle de diferentes áreas ao longo da noite.

Avichay Adraee, porta-voz das Forças Armadas israelenses em árabe, declarou que “o exército iniciou a desativação das estruturas terroristas na Cidade de Gaza”. Ele alertou que a região é extremamente perigosa e recomendou que os civis evacuassem para evitar riscos. Antes do início da operação, o primeiro-ministro Netanyahu anunciou que uma “poderosa operação” estava em andamento, conforme reportagem do jornal Yedioth Ahronot.

Um funcionário do Ministério da Saúde de Gaza, que também está na cidade, descreveu a situação como “desastrosa”, afirmando que “não sabemos quantos dias conseguiremos resistir, a situação é catastrófica e podemos perder a vida a qualquer momento”.

Junto aos movimentos de tanques, Israel aumentou os ataques com mísseis, drones, artilharia e helicópteros de combate. Nos últimos dias, pelo menos 41 civis foram mortos na Faixa, incluindo quatro na área central, sendo que somente na capital israelense a ofensiva deixou 37 vítimas fatais.

Em agosto, Gaza abrigava aproximadamente 1 milhão de habitantes. Desde que Israel anunciou sua intenção de invadir a cidade e intensificou os bombardeios, houve uma saída significativa da população rumo ao sul do território. Apesar do exército afirmar que cerca de 350 mil civis deixaram Gaza, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) reduziu essa estimativa para cerca de 142 mil na última segunda-feira.

Segundo a rede Al Jazeera, muitos que saíram da cidade foram obrigados a retornar por falta de espaço no sul, agravando a crise de deslocamento. Jacob Granger, coordenador de emergências da organização Médicos Sem Fronteiras em Gaza, relatou que a população não tem opções seguras: “Não há lugar seguro na Faixa de Gaza. Já se passaram 22 meses de conflito”, afirmou, destacando a destruição generalizada, com clínicas recebendo feridos com ferimentos graves e amputações.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, visitou Israel um dia antes do início da ofensiva e apoiou firmemente a operação, destacando a urgência de um acordo diplomático devido ao curto prazo disponível. Ele reforçou que a solução ideal seria a desmilitarização do Hamas, embora reconheça que, dadas as circunstâncias, isso seja difícil de alcançar, mas ainda assim desejável.

Em Jerusalém, Rubio se reuniu com familiares de reféns em Gaza, admitindo que a influência do Hamas sobre esses civis é significativa. Ele afirmou que, sem a presença de reféns e civis no caminho, o conflito poderia ter sido resolvido há um ano e meio. Um grupo de famílias de reféns declarou estar “aterrorizado” com a situação, acusando Netanyahu de dificultar a liberação dos seus entes queridos ao ordenar os ataques.

No início de agosto, o gabinete de segurança israelense aprovou um plano de Netanyahu para ocupar Gaza completamente. Na ocasião, o governo israelense declarou que pretendia assumir o controle do enclave e posteriormente entregá-lo às forças árabes que o governariam, condicionando o fim do conflito ao retorno de todos os reféns israelenses, ao desarmamento do Hamas, à desmilitarização, à segurança sob controle israelense e à instalação de um governo civil diferente do Hamas e da Autoridade Palestina.

Esse projeto foi duramente criticado internacionalmente, recebendo condenações do Reino Unido, China, além de diversos países da União Europeia, Turquia, Arábia Saudita e Austrália, entre outros. Simultaneamente, Israel continuou suas operações terrestres, criando zonas de evacuação no sul e destruindo edifícios residenciais de grande porte na cidade, alegando que contêm “infraestruturas terroristas”. Nos últimos três dias, demoliram três grandes prédios de apartamentos.

Volker Türk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, pediu que Israel encerre imediatamente sua ofensiva. Ele alertou que as consequências seriam desastrosas para civis vulneráveis, incluindo mulheres, crianças desnutridas e pessoas com deficiência, clamando por uma parada na violência. A União Europeia também advertiu que a escalada aumentará o número de vítimas e agravará a crise humanitária já crítica na região, ressaltando a ameaça à vida de reféns israelenses.