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Acidente
14/09/2025 08:00:00

Governo Lula intensifica liberação de emendas para barrar anistia

Governo Lula intensifica liberação de emendas para barrar anistia

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acelerou a liberação de emendas parlamentares durante o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF). Somente nas duas semanas de análise do caso na Corte, foram pagos R$ 3,2 bilhões, numa estratégia para reforçar a base do Planalto e conter o avanço do Centrão em favor da proposta de anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado.

Na terça-feira (9), quando os ministros retomaram o julgamento, o Executivo liberou R$ 2,3 bilhões em um único dia, segundo dados da Transparência. Foi o maior repasse de 2025 e o nono maior da série histórica em valores nominais, sem correção inflacionária. O recorde ocorreu em dezembro de 2024, com R$ 5,8 bilhões pagos em apenas um dia. A expectativa é que o ritmo de liberação continue nos próximos dias para influenciar a disposição do Congresso em rejeitar a anistia.

Do montante pago, R$ 2,9 bilhões (91,3%) foram destinados a emendas individuais, que garantem retorno político direto aos parlamentares. O restante foi dividido entre bancadas estaduais (R$ 142 milhões), comissões temáticas (R$ 80,8 milhões) e cota do relator do Orçamento (R$ 60,2 milhões).

A movimentação acontece em meio à avaliação de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pode pautar o projeto de anistia no plenário. Enquanto parte do Centrão se aproxima da oposição, outra defende votar para rejeitar a proposta de forma definitiva. A estratégia do Planalto é ampliar a influência sobre esse segundo grupo para enterrar qualquer possibilidade de perdão a Bolsonaro.

A escassez de repasses neste ano contribuiu para derrotas do governo, como na CPMI das fraudes no INSS, quando a oposição articulou com o Centrão e venceu a disputa pela presidência e relatoria do colegiado. Agora, o Planalto busca fortalecer Hugo Motta, que resiste à anistia, para negociar com líderes do bloco e tentar recuperar o controle da pauta na Câmara.