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Acidente
14/09/2025 02:00:00

Repercussões Diplomáticas nos Estados Unidos Após Condenação de Bolsonaro

Medidas de Retaliação e Tensão nas Relações Brasil-EUA em Destaque

Repercussões Diplomáticas nos Estados Unidos Após Condenação de Bolsonaro

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, proferida pelo Supremo Tribunal Federal, elevou as preocupações de que o governo americano, liderado pelo presidente Donald Trump, possa implementar novas punições contra o Brasil. Essa ação potencial poderia agravar ainda mais as divergências diplomáticas entre as duas nações.

Desde a visita do deputado federal Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos em fevereiro, a disputa diplomática entre Brasília e Washington intensificou-se. O parlamentar tem promovido esforços políticos na América do Norte, buscando apoio de grupos conservadores e setores do governo dos EUA para pressionar o governo brasileiro a aliviar sanções legais e políticas contra seu pai, Jair Bolsonaro.

Em resposta às movimentações de Bolsonaro e seus aliados, os Estados Unidos indicaram que podem aplicar novas medidas punitivas. Em julho, o presidente Donald Trump enviou uma carta ao presidente Lula, na qual vinculou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros às ações judiciais contra Bolsonaro, descrevendo o processo como uma "caça às bruxas". O secretário de Estado americano, Marco Rubio, também manifestou seu posicionamento, publicando nesta quinta-feira uma mensagem na rede X na qual classificou o julgamento do ex-presidente brasileiro como "caça às bruxas" e prometeu uma resposta proporcional por parte de Washington.

Além disso, Rubio criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, acusando-o de violar direitos humanos. Pouco após a condenação, Trump comentou brevemente o caso, expressando surpresa com o resultado e comparando o processo ao que enfrentou na Justiça dos Estados Unidos antes de retornar à Casa Branca.

Ele afirmou que Bolsonaro foi um gestor competente e que a situação é similar à sua própria experiência judicial. No âmbito das sanções, integrantes do Supremo Tribunal Federal também têm sofrido restrições impostas pelos EUA.

Washington suspendeu o visto de entrada dos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. Moraes, especificamente, foi alvo de sanções econômicas com base na Lei Magnitsky, que incluem o bloqueio de bens, contas e a proibição de entrada nos EUA, devido às acusações de repressão à liberdade de expressão e condução de processos políticos contra Bolsonaro, além de censurar plataformas digitais americanas.

Especula-se que, em breve, novas punições poderão atingir outras autoridades brasileiras. Bastidores indicam a possibilidade de o governo de Trump aplicar novamente a Lei Magnitsky contra o procurador-geral Paulo Gonet, responsável pela denúncia contra Bolsonaro, bem como contra familiares de Moraes e empresas relacionadas. Além disso, há quem acredite que outros ministros do STF possam ser incluídos na lista de sanções, especialmente após a condenação de Bolsonaro. Os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin apoiaram Moraes na votação, enquanto Luiz Fux votou pela absolvição do ex-presidente, podendo, futuramente, também ser alvo de medidas restritivas.

Especialistas apontam ainda que o governo brasileiro pode ser alvo de ações mais severas, como restrições de visto ou aumento tarifário, por parte dos EUA, de acordo com análises de Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais na Fundação Getulio Vargas (FGV). A resposta americana permanece incerta, podendo variar de restrições de entrada a sanções econômicas mais amplas, evidenciando o clima de imprevisibilidade na conjuntura atual.