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Acidente
13/09/2025 20:00:00

Primeiro-Ministro de Israel Afirma Categoricamente que Palestina Não Terá Estado Próprio

Anúncio de expansão de assentamentos na Cisjordânia aumenta tensões políticas e ameaça a viabilidade do futuro Estado palestino

Primeiro-Ministro de Israel Afirma Categoricamente que Palestina Não Terá Estado Próprio

Benjamin Netanyahu, chefe do governo israelense, declarou nesta quinta-feira (11/09) que a criação de um Estado palestino não ocorrerá. Sua declaração foi feita durante a cerimônia oficial de assinatura de um plano para ampliar a grande colônia israelense de Maale Adumim, localizada na Cisjordânia, próxima a Jerusalém Oriental.

Durante a cerimônia, Netanyahu afirmou que a realização do projeto representa uma concretização de uma visão que ele descreveu como uma política atual, e não uma promessa bíblica. Ele reforçou a posição de que, sob sua gestão, nunca haverá uma nação palestina independente nesta área, afirmando: "Este território é nosso".

A iniciativa, apoiada por grupos ultranacionalistas de Israel, prevê a construção de aproximadamente 3.400 novas moradias na zona denominada E1, que conecta Jerusalém Oriental a Maale Adumim. Essa expansão ameaça dividir a Cisjordânia em dois segmentos distintos, dificultando a formação de um Estado palestino coeso. O plano visa incrementar a população de Maale Adumim, que atualmente conta com cerca de 40 mil residentes, para aproximadamente 70 mil nos próximos cinco anos, segundo Netanyahu. Ele ainda declarou que a frase popular "Jerusalém tem montanhas ao seu redor" foi um erro de interpretação, alegando que a expressão correta seria "Jerusalém tem cidades ao seu redor".

A proposta de expansão foi anunciada em agosto pelo ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, líder de uma ala de direita radical. Smotrich, que também reside na Cisjordânia, destacou que a intenção do projeto é eliminar qualquer possibilidade de um Estado palestino. Desde maio, Israel também anunciou a criação de outras 22 colônias na mesma região. Maale Adumim é atualmente a maior colônia israelense na Cisjordânia em termos de extensão territorial e uma das maiores em número de habitantes.

A construção de mais de três mil residências nesta área foi veementemente criticada por autoridades palestinas, além de organizações de direitos humanos. Países europeus, incluindo a Alemanha, também manifestaram oposição à expansão. A Organização das Nações Unidas, por sua vez, através de seu secretário-geral António Guterres, condenou o plano, alertando que ele põe em risco a continuidade de um Estado palestino viável e representa uma ameaça grave à proposta de solução de dois Estados.

A Corte Internacional de Justiça considerou toda a presença israelense na Cisjordânia ilegal, ordenando a evacuação dos colonos, o desmantelamento dos assentamentos, o retorno dos palestinos às suas terras e a remoção do muro de segregação. Desde 1967, após a Guerra dos Seis Dias, os assentamentos judaicos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental vêm se expandindo continuamente, atualmente abrigando cerca de 3 milhões de palestinos. Embora nos últimos anos a criação de novas colônias tenha desacelerado, a expansão de assentamentos existentes permanece como uma estratégia frequente de Israel. Em 2023, o país apoiava 144 colônias na Cisjordânia e outras 12 em Jerusalém Oriental.

Algumas dessas áreas evoluíram para cidades completas, como Beitar Illit, que conta com uma população superior a 60 mil habitantes. No total, aproximadamente 700 mil colonos vivem em assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém. Além dessas, há mais de uma centena de postos avançados, instalações não oficiais estabelecidas por colonos armados sem autorização formal do governo, muitas vezes posteriormente formalizadas como assentamentos oficiais. Apesar de não serem oficialmente reconhecidos, todos esses locais contam com infraestrutura completa, incluindo abastecimento de água, eletricidade e segurança militar.

Os colonos também estão sujeitos às leis israelenses e possuem representação parlamentar, diferentemente dos palestinos, que vivem sob leis militares e sem representação política. Muitos assentamentos estão estrategicamente localizados, dificultando a circulação entre cidades palestinas e fragmentando o território. Estima-se que, em 2015, cerca de 60 mil judeus nascidos nos Estados Unidos residiam em colônias na Cisjordânia. A comunidade internacional geralmente considera esses assentamentos ilegais e um grande obstáculo para a paz duradoura na região.

A ONU e outros organismos multilaterais condenam sua existência, pois eles reduzem as terras disponíveis para um possível Estado palestino. Ainda, ações violentas de colonos extremistas, principalmente nos postos avançados, levaram a sanções por parte da União Europeia, Canadá e Reino Unido contra indivíduos envolvidos nessas operações.