Na sessão desta sexta-feira, dia 12, o câmbio brasileiro apresentou uma forte baixa, atingindo o patamar mais baixo desde o começo de junho de 2024. Mesmo com a moeda norte-americana em ascensão no cenário internacional, o real conseguiu se destacar e se valorizar, superando outras moedas relevantes.
A valorização do real foi influenciada por uma combinação de fatores locais e externos. Entre eles, a expectativa de redução das taxas de juros nos Estados Unidos na próxima semana, estimulando o interesse pelo carry trade e aumentando a atratividade do mercado de câmbio brasileiro. Além disso, operadores de mercado indicam que o movimento de retirada de prêmios de risco também impulsionou a valorização da moeda brasileira. Dados recentes apontam que o dólar atingiu uma mínima de R$ 5,3452 durante a tarde e fechou o pregão com uma baixa de 0,71%, cotado a R$ 5,3541, marcando o menor valor de fechamento desde 7 de junho de 2024 (que foi R$ 5,3247). Na semana, a moeda acumulou uma perda de 1,08%, e a desvalorização de setembro chegou a 1,25%. Em 2024, o dólar caiu 13,37% em relação ao real, que se mantém como a moeda com melhor desempenho entre as latino-americanas.
Segundo André Valério, economista sênior do Banco Inter, o real se destacou entre as emergentes nesta sexta-feira graças à combinação de fatores. Ele atribui a valorização à expectativa de cortes na taxa de juros americana, com o Federal Reserve (Fed) previsto para reduzir a taxa em 25 pontos-base na próxima quarta-feira, fortalecendo o cenário de carry trade para o real.
Valério também ressalta que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF torna o cenário político mais previsível, fortalecendo o potencial de candidatura de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, que é bem visto pelos investidores. Por sua vez, Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, sugere que o leilão de linha realizado pelo Banco Central nesta manhã possa ter contribuído para a sustentação do câmbio.
Ele explica que a operação de rolagem de títulos, que ocorreu com a venda de US$ 1 bilhão e foi concluída com apenas uma proposta, ajudou a aliviar a pressão sobre o dólar prontamente disponível, evitando uma alta abrupta. O leilão terá liquidação prevista para 3 de março de 2026. No cenário internacional, o índice Dólar (DXY) teve uma leve alta e ficou em torno de 97,642 ao final do dia, encerrando a semana com uma pequena queda, influenciada pelos dados de inflação divulgados nos EUA.
As principais moedas de mercados emergentes, com exceção do peso mexicano, que valorizou pouco mais de 0,10%, operaram em baixa frente ao dólar. As projeções indicam que a tendência de enfraquecimento do dólar deve continuar com o início, na próxima quarta-feira, do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve. No entanto, analistas alertam que essa redução deve ser menos intensa do que as observadas até agora, uma vez que o Dollar Index já registra uma queda de 10% no ano.