Na manhã desta terça-feira (09/09), a porta-voz do governo dos Estados Unidos, Karoline Leavitt, manifestou-se em relação às recentes controvérsias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e alegações de ataques à liberdade de expressão no Brasil.
A representante da Casa Branca destacou que as ações do governo americano já foram contundentes, incluindo o impacto de sanções econômicas e tarifas impostas ao Brasil, com o objetivo de evitar que países punam seus cidadãos de maneiras que possam prejudicar o livre exercício das liberdades. Segundo Leavitt, proteger a liberdade de expressão é uma prioridade máxima, sendo uma questão de extrema relevância no cenário global.
Ela afirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, não hesita em utilizar o poder econômico e militar para defender essa liberdade no âmbito internacional. Apesar do reforço de suas declarações, a porta-voz garantiu que, por enquanto, o governo não planeja novas medidas adicionais contra o Brasil.
Itamaraty, por sua vez, divulgou uma nota oficial na noite de ontem (08/09), condenando veementemente qualquer tentativa de utilizar sanções econômicas ou ameaças de força contra a democracia brasileira. A nota ressaltou que a defesa da liberdade de expressão passa por preservar a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas, além de reafirmar que os três Poderes da República não se deixarão intimidar por ações antidemocráticas ou por mobilizações de grupos que tentem coagir as instituições nacionais.
Em resposta às declarações americanas, o governo brasileiro reforçou sua postura ao condenar ações que possam ameaçar sua soberania, numa nota oficial que também criticou a mobilização de forças que tentam instrumentalizar governos estrangeiros para pressionar o Brasil. Durante uma entrevista coletiva, Leavitt compartilhou um trecho de suas declarações na rede social X, onde uma postagem da Embaixada dos EUA no Brasil reproduziu suas palavras.
Ela foi questionada por Michael Shellenberger, jornalista e ativista, sobre possíveis medidas adicionais dos Estados Unidos frente à suposta censura e ao bloqueio de candidaturas por parte de instituições brasileiras. Shellenberger mencionou a inelegibilidade de Bolsonaro e sua potencial condenação na ação penal que tramita no STF, onde a relatoria está a cargo do ministro Alexandre de Moraes. Este, por sua vez, lidera investigações relacionadas a uma suposta tentativa de golpe após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022, conforme denúncia da Procuradoria-Geral da República.
O jornalista também é conhecido por seus livros que questionam o alarmismo climático, embora reconheça o aquecimento global, argumentando que suas consequências não significam um fim do mundo. Além disso, sua relação com o governo de Trump evidencia uma postura de retaliação às ações judiciais envolvendo Bolsonaro.
Em julho, os EUA anunciaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, justificando como uma retaliação às ações do Brasil contra Bolsonaro. Posteriormente, várias mercadorias tiveram isenção dessa tarifa, embora itens estratégicos para exportações brasileiras, como carne e café, permanecessem tributados.
Na mesma época, o ministro Alexandre de Moraes foi sancionado com a Lei Magnitsky, legislação americana que visa punir indivíduos envolvidos em violações graves de direitos humanos e corrupção. Na segunda-feira (08/09), véspera do julgamento de Bolsonaro, o subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA publicou uma mensagem nas redes sociais acusando Moraes de ser contrário às liberdades essenciais, sinalizando a contínua atenção do governo americano às controvérsias envolvendo a política brasileira.