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Governo
09/09/2025 16:00:00

Governo busca conter avanço de facções a partir da Amazônia

Governo busca conter avanço de facções a partir da Amazônia

O presidente Lula inaugura nesta terça-feira (9), em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, que reunirá forças de segurança dos estados brasileiros que compõem o bioma e de países vizinhos da chamada Amazônia Internacional.

A criação do espaço é considerada a principal aposta do governo federal para enfrentar facções criminosas que utilizam os rios como corredores do tráfico e financiam suas atividades por meio de práticas ilegais, como garimpo e desmatamento.

O delegado Humberto Freire, diretor de Amazônia da Polícia Federal, destacou em coletiva nesta segunda-feira que o plano Amazônia: Segurança e Soberania (Amas), lançado em 2023, busca combater o crime organizado em toda a Pan-amazônia, tendo o novo centro como um dos pilares da iniciativa.

Segundo ele, o foco é atingir o poder financeiro das organizações. “O crime organizado tem investido muito no crime ambiental, que hoje é a terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo”, afirmou. Freire ressaltou a importância da integração entre países amazônicos e até de nações de fora da região para desarticular cadeias ilegais. Ele explicou que a estratégia vai além do tradicional rastreamento do dinheiro (“Follow the Money”), incorporando também o monitoramento das cadeias produtivas (“Follow the Product”).

Em 2024, a Polícia Federal contabilizou R$ 6,9 bilhões em prejuízos para o crime organizado, sendo R$ 2,1 bilhões apenas em atividades ambientais, resultado da apreensão de bens e inutilização de equipamentos usados em ilícitos.

A inauguração do Centro ocorre em meio à pressão crescente dos Estados Unidos sobre países latino-americanos para reforçar o combate ao narcotráfico, especialmente Colômbia e Venezuela. Na semana passada, uma embarcação que partiu da Venezuela foi afundada por forças norte-americanas sob a acusação de transportar drogas.

Em maio, técnicos do Ministério da Justiça e representantes dos EUA discutiram o enfrentamento às facções. Os norte-americanos defenderam que grupos como PCC e Comando Vermelho fossem classificados como organizações terroristas, proposta rejeitada pelo governo brasileiro. O presidente Donald Trump tem defendido essa tese para ampliar a atuação militar dos EUA na região.

O novo centro será coordenado pela Polícia Federal e contará com oficiais de ligação dos países amazônicos e dos nove estados da Amazônia Legal, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Força Nacional. Também terão participação organismos internacionais, como Interpol, Europol e Ameripol. Colômbia, Bolívia, Peru, Suriname e Guiana já confirmaram presença, enquanto França, Venezuela e Equador ainda negociam adesão. Entre os estados brasileiros, apenas Amapá e Tocantins não concluíram o processo de integração.

A estrutura inclui divisões de inteligência, operações e logística, sala de videomonitoramento, gabinete de crise, sala de imprensa e outros espaços destinados à atuação coordenada. O projeto é resultado de parceria entre a Polícia Federal, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o BNDES, financiado com R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia.