O câncer de intestino figura como a segunda neoplasia mais comum no Brasil e ocupa a terceira posição entre as causas de morte. De acordo com a Fundação do Câncer, a previsão é de que os diagnósticos aumentem em 20% até 2040, totalizando mais de 71 mil novos casos.
Para lidar com essa realidade preocupante, especialistas enfatizam que alterações no estilo de vida podem ter um impacto significativo.
“Aproximadamente 60 a 70% dos diagnósticos de câncer colorretal no Brasil são realizados em estágios avançados. É fundamental que políticas públicas sejam criadas para inverter essa tendência. A campanha Março Azul tem um papel crucial em conscientizar a população sobre esse tema a cada ano. Nossos mutirões demonstram que é possível, sim, prevenir o câncer colorretal”, destaca Sergio Alonso Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).
No 73º Congresso Brasileiro de Coloproctologia, que ocorre de 3 a 6 de setembro em São Paulo, os profissionais da área revisaram as diretrizes de prevenção relacionadas ao câncer intestinal.
Sinais de alerta para câncer de intestino:
Seis pilares da prevenção:
A coloproctologista Carmen Ruth Manzione Nadal ressalta a importância de adaptar as diretrizes internacionais à realidade brasileira. “Há diversos estudos que demonstram a viabilidade da prevenção da doença. Nossas recomendações foram ajustadas para se alinhar aos hábitos alimentares do Brasil e são simples e eficazes”, afirma.
Dentre as quatro medidas conhecidas, estão: manter uma dieta balanceada, controlar o peso corporal, realizar atividades físicas de forma regular e evitar o consumo de tabaco e álcool em excesso.
As novas orientações apresentadas no congresso incluem a promoção de uma hidratação adequada e a regularidade do trânsito intestinal.
“Historicamente, recomenda-se a ingestão de dois litros de líquidos para uma pessoa de 70 kg, mas isso é baseado em estudos de países com climas mais frios. No Brasil, a sugestão é que se consuma até três litros, dependendo da temperatura e da atividade profissional”, explica Carmen.
A médica também destaca a relevância de evacuar pelo menos a cada 48 horas. “As fezes contêm substâncias cancerígenas que não devem permanecer em contato prolongado com a mucosa intestinal. A inclusão de fibras e água na dieta é fundamental para a saúde intestinal. Indivíduos que sofrem de constipação devem procurar ajuda médica”, orienta.
Alimentação prática e acessível:
Na prática, a especialista recomenda dividir o prato em quatro partes: uma porção de arroz e feijão ou macarrão, uma porção de carne do tamanho da palma da mão, uma porção de verduras e outra de legumes. A carne, seja vermelha ou branca, deve ser consumida entre quatro e seis vezes por semana.
É importante evitar fast-food e alimentos ultraprocessados, como salsichas, embutidos e linguiças, pois contêm substâncias que podem ser cancerígenas. “Precisamos eliminar esses produtos do nosso dia a dia”, ressalta.
Seguindo essas seis recomendações, Carmen acredita que a probabilidade de desenvolver câncer intestinal pode ser reduzida em até 30%.
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