Servidores e conselheiros de 25 Tribunais de Contas brasileiros participaram no fim de agosto das Olimpíadas dos Servidores dos Tribunais de Contas (OTC), realizadas em Foz do Iguaçu, Paraná. O evento reuniu 1.716 atletas de 40 delegações do Brasil, Argentina e Uruguai, e custou ao menos R$ 1,4 milhão dos cofres públicos, segundo informações divulgadas por nove tribunais.
As despesas incluíram inscrições, diárias, hospedagem em resorts de luxo, uniformes, fisioterapia e até treinadores esportivos. Em algumas cortes, servidores foram dispensados do ponto sem necessidade de compensação. As competições envolveram modalidades como futebol, vôlei, basquete, pesca, sinuca, bocha, beach tennis, boliche, dominó, pebolim, dama e truco.
O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) foi o que mais gastou: R$ 442 mil em inscrições para 130 servidores, R$ 51 mil em uniformes, R$ 58 mil em fisioterapia e R$ 59 mil em assessoria esportiva. A presidente do órgão, Yara Lins Rodrigues, acompanhou a delegação e comemorou o bicampeonato da instituição, que totalizou mais de R$ 625 mil em despesas.
Outros tribunais também destinaram altos valores. O TCM do Pará desembolsou R$ 230 mil para atletas e conselheiros, que ficaram hospedados em hotéis de luxo, incluindo um resort sobre o Aquífero Guarani. O TCE de Rondônia pagou R$ 156 mil em inscrições para 78 servidores, justificando a despesa como investimento em “bem-estar” e “melhoria da gestão pública”. Já o TCE do Tocantins gastou R$ 314 mil com inscrições e diárias para conselheiros.
O Tribunal de Contas da União (TCU), que levou 72 servidores, afirmou que não custeou despesas, mas admitiu ter gasto R$ 9,4 mil em junho para o envio de servidoras em preparativos da competição. O ministro Augusto Nardes também esteve presente na abertura do evento, sem detalhamento dos custos de viagem.
Outras cortes, como as de Pernambuco, Acre, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Paraná, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, informaram que os próprios servidores custearam as despesas, mas muitos foram dispensados de bater ponto, usaram banco de horas, férias ou trabalho remoto para participar.
Nem todos os tribunais divulgaram valores atualizados em seus portais da transparência, o que pode elevar o montante total. Já os tribunais de Roraima, Amapá, São Paulo (estadual), Espírito Santo e Ceará, além dos TCMs da Bahia e do Rio de Janeiro, não enviaram delegações neste ano.
Segundo a organização do torneio, o objetivo oficial da OTC é promover integração, companheirismo e bem-estar entre servidores, além de estimular práticas esportivas e valores de sustentabilidade. Entretanto, os gastos com dinheiro público e os benefícios concedidos aos participantes levantaram críticas sobre prioridades e uso de recursos das cortes responsáveis justamente por fiscalizar a boa aplicação dos recursos públicos.