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Acidente
04/09/2025 11:00:00

UE inicia processo de ratificação de acordo com Mercosul

UE inicia processo de ratificação de acordo com Mercosul

A União Europeia iniciou nesta quarta-feira (3) o processo de ratificação do acordo de livre comércio com o Mercosul, e, mais uma vez, a França aparece como o país mais resistente. A Comissão Europeia aprovou o tratado e garantiu que haverá mecanismos sólidos para proteger o setor agrícola, um dos mais críticos ao pacto.

O texto precisa do aval dos 27 países-membros e do Parlamento Europeu para entrar em vigor. As negociações começaram em 2000 e só foram concluídas em dezembro passado. Fontes da Comissão afirmam que a expectativa é finalizar o processo até o fim de 2025, durante a presidência rotativa do Brasil no bloco. A assinatura pode ocorrer na cúpula do Mercosul em dezembro.

Segundo o ex-embaixador Rubens Barbosa, o tarifaço imposto por Donald Trump acelerou as tratativas. Ele lembra que o presidente americano aumentou impostos não apenas para produtos brasileiros, mas também para países da UE. “Agora o acordo vai sair. A decisão está tomada, e a geopolítica prevaleceu com a ajuda do Trump”, afirmou.

O chanceler uruguaio Mario Lubetkin celebrou o início da tramitação, dizendo esperar que a ratificação ocorra ainda este ano. O governo brasileiro também acompanha o processo e avalia o andamento como positivo.

A pesquisadora Lia Valls, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, considera o movimento um sinal importante, mas alerta que a abertura comercial será gradual, com cotas e cronogramas de até 15 anos para alguns produtos. Para ela, apesar da pressão de Trump acelerar negociações, a desorganização do comércio internacional é preocupante.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o acordo trará ganhos significativos para consumidores e empresas, criando a maior área de livre comércio do mundo, com mais de 700 milhões de pessoas. A UE espera que suas exportações para o Mercosul cresçam até 39%, movimentando cerca de 49 bilhões de euros por ano e sustentando 440 mil empregos.

O pacto prevê que a UE aumente a venda de automóveis, máquinas e bebidas alcoólicas para Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, enquanto o Mercosul terá maior acesso ao mercado europeu para carne, soja, arroz, açúcar e mel. O tema, porém, enfrenta resistência na França, onde agricultores pressionam contra o acordo e exigem salvaguardas adicionais.

Além do tratado com o Mercosul, a Comissão Europeia também enviou para ratificação o acordo modernizado com o México. Ambos fazem parte da estratégia de diversificação comercial do bloco, que busca reduzir dependências em meio às tensões globais.

Estima-se que os acordos reforcem cadeias produtivas, aumentem a competitividade e ampliem a influência econômica da União Europeia. Von der Leyen classificou os pactos como “marcos fundamentais” para o futuro econômico do bloco.