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Mundo
03/09/2025 18:00:00

Envio de forças navais dos EUA ao Caribe aumenta tensão em torno da Venezuela

Envio de forças navais dos EUA ao Caribe aumenta tensão em torno da Venezuela
 

A decisão do presidente Donald Trump de deslocar forças navais e cerca de 4 mil soldados para a costa venezuelana foi apresentada pela Casa Branca como parte de uma operação contra o narcotráfico. No entanto, a movimentação gerou suspeitas de que o governo norte-americano pode ter objetivos mais amplos em relação ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

O envio do Grupo Anfíbio de Prontidão, acompanhado da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, confere aos EUA capacidade de realizar ataques em terra — algo distinto da atuação da Guarda Costeira, responsável tradicionalmente pela interceptação de carregamentos de cocaína. Dois navios seguiram para o sul do Caribe, próximo à Venezuela, e outro para o Pacífico, aumentando as dúvidas sobre os reais propósitos da operação.

Trump já havia classificado Maduro como terrorista e oferecido recompensa de 50 milhões de dólares por sua captura. Durante seu primeiro mandato, pressionou pela saída do líder venezuelano, mas sem sucesso. Especialistas apontam que, embora o atual contingente seja menor do que o utilizado na invasão do Panamá em 1989, a simples presença militar americana representa um sinal de pressão.

Rebecca Bill Chávez, ex-funcionária do Pentágono, alertou para os riscos de uma intervenção direta, lembrando que uma ação militar em território venezuelano não teria uma saída fácil. Já a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o presidente está disposto a usar todos os recursos necessários para impedir o tráfico de drogas e responsabilizar Maduro, a quem chamou de “fugitivo” e de governante ilegítimo.

Em resposta, Caracas anunciou o envio de embarcações para uma área estratégica de exportação de petróleo próxima à Colômbia, reforçando ainda mais a tensão na fronteira. Maduro já havia mobilizado 15 mil soldados e drones de vigilância na região para conter movimentos militares norte-americanos.

Segundo Elliott Abrams, ex-representante especial dos EUA para a Venezuela, Trump não deve ordenar uma invasão, a menos que Maduro utilize a força contra a vizinha Guiana, com quem reabriu uma disputa territorial. O secretário de Estado, Marco Rubio, chegou a visitar o país em março e advertiu que haveria “consequências” caso a Venezuela ameaçasse a soberania guianesa ou a produção de petróleo da Exxon Mobil.

Para analistas como Geoff Ramsey, do Atlantic Council, os deslocamentos navais indicam que o foco do governo Trump está mais ligado ao combate ao narcotráfico do que a uma mudança de regime. No entanto, a demonstração de força também serve como pressão indireta sobre Maduro e pode influenciar na postura das Forças Armadas venezuelanas ou mesmo conter ações contra a oposição, como a ameaça de prender Maria Corina Machado.

Apesar das especulações, especialistas reforçam que Trump tem reiterado sua rejeição a uma operação de derrubada direta de Maduro, preferindo manter a pressão militar e diplomática enquanto concentra o discurso no combate às drogas.