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Saúde
02/09/2025 11:00:00

Hepatites virais: alerta para transmissão e evolução silenciosa

Hepatites virais: alerta para transmissão e evolução silenciosa

As hepatites virais continuam sendo um desafio para a saúde pública devido à sua forma de transmissão muitas vezes imperceptível e evolução assintomática. De acordo com o Relatório Global de Hepatites 2024, da Organização Mundial da Saúde, cerca de 304 milhões de pessoas no mundo convivem com infecção crônica pelos vírus da hepatite B ou C. No Brasil, entre 2000 e 2024, foram notificados 826.292 casos, sendo quase 80% relacionados aos tipos B e C.

A infectologista Tassiana Rodrigues, da Santa Casa de São Roque, destaca que a principal dificuldade no combate às hepatites está no caráter silencioso da doença. As infecções podem evoluir por anos sem manifestar sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce. Segundo ela, os tipos A e E costumam ter evolução aguda e bom prognóstico, transmitidos pela via fecal-oral, enquanto as hepatites B e C se espalham por contato com sangue, relações sexuais desprotegidas, objetos perfurocortantes ou da mãe para o filho durante o parto. Já a hepatite D só afeta quem já possui o vírus da hepatite B.

Os principais grupos de risco incluem usuários de drogas injetáveis, pessoas que compartilham instrumentos como alicates, lâminas ou escovas de dente, indivíduos submetidos a transfusões de sangue antes da implantação da testagem obrigatória e quem realiza procedimentos sem material esterilizado. Práticas sexuais sem proteção aumentam o risco, sobretudo para os tipos B e C. No caso das hepatites A e E, além da transmissão por água ou alimentos contaminados, também pode ocorrer em situações específicas como o anilingus.

O tratamento varia conforme o tipo da hepatite. Para os casos agudos de A e E, as recomendações incluem repouso, hidratação e alimentação leve. Já as formas crônicas de B, C e D exigem antivirais. A hepatite C, em especial, apresenta atualmente altas taxas de cura com medicamentos orais. A hepatite D, menos comum, ainda enfrenta obstáculos no tratamento.

A prevenção segue como estratégia central. Medidas de higiene, saneamento básico, uso de preservativos, não compartilhamento de objetos cortantes e acompanhamento pré-natal são fundamentais. Além disso, o acesso a exames e vacinas é decisivo para conter a disseminação. No Brasil, o SUS oferece gratuitamente imunização contra hepatite A e B, além de testagem em unidades básicas de saúde, capaz de identificar tanto infecções agudas quanto crônicas.

Para Rodrigues, a informação também é uma arma contra a doença. Ela lembra que o estigma ainda afasta muitas pessoas do diagnóstico e do acompanhamento médico. “É possível ter qualidade de vida com a doença, desde que haja cuidados e monitoramento contínuos”, afirma.

Quem deseja se vacinar ou realizar testes pode procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima. O atendimento é feito mediante disponibilidade de exames e vacinas, e as informações sobre horários podem ser obtidas diretamente no posto do bairro.