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Acidente
01/09/2025 04:00:00

Como a Europa encara o serviço militar obrigatório

Como a Europa encara o serviço militar obrigatório

Após o fim da Guerra Fria, países como Alemanha e França aboliram o serviço militar compulsório. Mas, com a guerra na Ucrânia, tensões crescentes no continente e o afastamento dos EUA de questões militares europeias, muitos governos voltaram a discutir formas de reforçar seus exércitos, seja reintroduzindo a obrigatoriedade ou oferecendo incentivos para atrair jovens. Há países, como a Finlândia, que nunca deixaram de lado o recrutamento.

Na Alemanha, o serviço obrigatório foi extinto em 2011, mas o governo decidiu criar um modelo chamado “novo serviço militar”. Desde julho de 2027, todos os homens de 18 anos terão de responder a um questionário sobre saúde e disponibilidade, enquanto mulheres e outros gêneros poderão optar por participar. Quem se voluntariar poderá ser selecionado como “soldado temporário”, com benefícios financeiros e possibilidade de carreira mais longa. A ideia é ampliar o número de reservistas, mas o sistema também prevê a chance de um alistamento compulsório, caso o Parlamento aprove.

A França encerrou o serviço obrigatório entre 1997 e 2001, mas em 2019 o presidente Emmanuel Macron lançou o Service National Universel (SNU), um programa de um mês para jovens de 15 a 17 anos, com atividades sociais e cívicas, além de treinamento militar. O SNU ainda é voluntário, e não há recursos nem apoio político para torná-lo compulsório. O foco francês é fortalecer a reserva, que deve dobrar de tamanho até 2035.

O Reino Unido aboliu a obrigatoriedade no início dos anos 1960 e mantém apenas forças profissionais. Apesar da carência de voluntários, especialistas consideram inviável retomar o recrutamento, recomendando ampliar os reservistas.

A Polônia aboliu o serviço em 2008, mas após a invasão russa vem se armando intensamente. A meta é alcançar 300 mil soldados até 2035, sendo 50 mil da Defesa Territorial, uma guarda nacional formada por cidadãos que conciliam a vida civil com o treinamento militar. Adolescentes também recebem aulas de segurança e defesa nas escolas.

A Suécia suspendeu o serviço em 2010, mas reintroduziu em 2017. Jovens de 18 anos devem se registrar, e uma parte é selecionada, incluindo homens e mulheres. Desde 2023, também há serviço civil em setores estratégicos, como energia e resgate.

Na Finlândia, todos os homens a partir de 18 anos devem servir de seis a 12 meses, enquanto as mulheres podem se voluntariar. Dois terços de cada geração cumprem o treinamento, o que garante ao país uma força de reserva robusta — cerca de 900 mil reservistas para uma população de apenas 5,6 milhões.

A Noruega tornou o serviço obrigatório para homens e mulheres em 2013. Apenas parte dos jovens é chamada, mas o processo seletivo tornou o serviço algo prestigiado.

Na Dinamarca, homens de 18 anos sempre foram obrigados a servir, e a partir de julho de 2025 as mulheres também passam a ser incluídas. O serviço, que durava quatro meses, será ampliado para 11 até 2026. Apesar do sorteio oficial, há mais voluntários do que vagas.

A Áustria mantém o serviço obrigatório: seis meses nas Forças Armadas ou nove em funções civis. Mulheres podem se candidatar voluntariamente. Com a instabilidade atual, não há expectativa de mudança.

A Letônia retomou o recrutamento em 2023, após aboli-lo em 2006. Homens de 18 a 27 anos servem por 11 meses, enquanto mulheres podem se oferecer. O processo é gradual devido à falta de infraestrutura, mas até 2027 a meta é treinar 7.500 jovens por ano.

A Lituânia voltou com o serviço militar em 2015, chamando homens de 18 a 23 anos por sorteio. São cerca de 3.500 recrutas por ano, mas há possibilidade de adesão voluntária de mulheres. Já na Ucrânia, o alistamento foi retomado em 2014, e desde 2022 todos os homens de 18 a 60 anos estão sujeitos a servir. Atualmente, cerca de 1 milhão de militares compõem o exército, além de outro milhão de reservistas.

Na Grécia, homens de 18 a 45 anos cumprem 12 meses de serviço, enquanto mulheres podem se voluntariar. Todos tornam-se reservistas após o treinamento, com a meta de chegar a 150 mil ativos até 2030.

A Turquia mantém a obrigatoriedade para homens de 20 a 41 anos, com duração mínima de seis meses. Porém, quem paga uma taxa de aproximadamente 243 mil liras (cerca de R$ 32 mil) pode ser dispensado após o primeiro mês. Quem se recusa sem pagar pode enfrentar multas ou até prisão.