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Educação
29/08/2025 10:00:00

Estudantes de ensino integral têm melhor desempenho no Enem, aponta estudo

Estudantes de ensino integral têm melhor desempenho no Enem, aponta estudo

Agência Brasil

Um levantamento do Instituto Sonho Grande mostra que alunos de escolas estaduais que oferecem ensino médio integral tiveram notas mais altas no Enem 2024 do que aqueles matriculados em unidades de turno parcial. Para ser considerada integral, a escola deve oferecer jornada mínima de sete horas diárias ou 35 horas semanais.

A maior diferença foi registrada na redação: em média, os estudantes do tempo integral tiveram 12 pontos a mais, chegando a 27 pontos quando a totalidade das matrículas da escola é nessa modalidade. Em matemática, também houve vantagem, com média cinco pontos acima em comparação às escolas regulares.

A diretora-executiva do Instituto Sonho Grande, Ana Paula Pereira, destacou que a ampliação da jornada tem impacto direto na aprendizagem. Segundo ela, quanto maior a oferta do ensino integral, melhores são os resultados e as oportunidades para os jovens.

O Censo Escolar 2024 aponta que a maior proporção de matrículas em tempo integral está no Nordeste, com destaque para Pernambuco (69,6%), Ceará (54,6%), Paraíba (54,5%), Piauí (54,1%) e Sergipe (35,2%). Nessas regiões, a média de desempenho no Enem foi superior em todas as áreas do conhecimento, com diferença de 18 pontos na nota geral e de 48 pontos na redação. Em Pernambuco, alunos de escolas 100% integrais tiveram desempenho 68 pontos acima na redação; no Ceará, a diferença chegou a 134 pontos.

Outro estudo, feito em parceria entre os economistas Naercio Menezes Filho e Luciano Salomão com o Instituto Natura, mostrou que alunos de tempo integral têm 16,5% mais participação no Enem e notas mais altas, especialmente na redação, com média de 29 pontos a mais.

Pesquisas também indicam benefícios além do aprendizado, como maior chance de ingresso no ensino superior e no mercado de trabalho, salários mais altos e redução de problemas sociais, entre eles violência, gravidez precoce e abuso de substâncias.

Apesar da expansão, os números ainda estão abaixo da meta do Plano Nacional de Educação, que previa 25% das matrículas da educação básica em tempo integral até 2024. O índice alcançado foi de 22,9%. No ensino médio, houve crescimento de 14,1% em 2020 para 24,2% em 2024.

Entre os desafios para consolidar o modelo, estão a garantia de financiamento contínuo, o apoio a alunos em situação de vulnerabilidade e a reorganização das redes estaduais. O Programa Escola em Tempo Integral, do MEC, lançado em 2023, tem como meta chegar a 3,2 milhões de novas matrículas até 2026.

Para especialistas, a expansão deve ser mais ambiciosa e acompanhada de diretrizes pedagógicas que assegurem o desenvolvimento integral dos estudantes. A simples ampliação da carga horária, sem mudanças no modelo pedagógico, não garante melhores resultados.