A Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco identificou um desmatamento de proporções inéditas em Alagoas, equivalente a aproximadamente 800 campos de futebol, entre os municípios de Traipu e Batalha. Trata-se da maior devastação ambiental já registrada durante as operações do programa no estado. O dono da área já soma 22 autos de infração e ultrapassa R$ 14 milhões em multas por crimes ambientais.
A operação constatou que parte da destruição ocorreu poucos dias antes da chegada das equipes, com indícios claros de ação ilegal. O procurador da República Érico Gomes destacou que o responsável é considerado um infrator contumaz e que medidas mais rígidas serão adotadas para conter as práticas criminosas. Ele explicou que existem duas frentes de atuação: a administrativa, conduzida pelo Ibama, com multas e embargos; e a judicial, nas esferas civil e criminal, por meio de ações do Ministério Público Federal e Estadual. Essas medidas podem incluir bloqueio de bens e exigência de um plano de recuperação da área degradada.
Para Felipe Tenório, analista do Ibama e coordenador da equipe Flora, os impactos do desmatamento vão além da perda da vegetação. “A destruição ameaça a biodiversidade, prejudica o equilíbrio climático, intensifica a escassez de água e afeta diretamente comunidades que dependem da natureza para sobreviver. Por isso, o combate a esse tipo de crime deve ser prioridade de todos”, afirmou.
COP-30 reforça combate ao desmatamento
O enfrentamento à devastação ambiental será um dos principais temas da COP-30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que ocorrerá neste ano em Belém. O encontro terá como meta central a redução drástica do desmatamento, apontado como um dos fatores mais relevantes para o aquecimento global. Segundo o procurador Érico Gomes, as ações da FPI estão em sintonia com os objetivos do evento, que buscam o desenvolvimento sustentável aliado à diminuição das emissões de gases que agravam o efeito estufa.
Em Alagoas, a constatação feita pela fiscalização reforça a necessidade de medidas firmes e imediatas, já que cada hectare derrubado representa uma perda ambiental irreversível para as futuras gerações.
Perícia apura uso de herbicida em área devastada
Durante o flagrante, o Instituto de Criminalística também atuou nas investigações. Peritos coletaram material genético em tampas de recipientes encontrados no local, a fim de identificar os responsáveis. Ao todo, foram recolhidas 15 embalagens de herbicidas, possivelmente usados para provocar desmatamento químico.
Uma amostra do líquido encontrado será submetida a análises laboratoriais para confirmar a composição. Caso seja comprovado o uso do produto para acelerar a destruição da vegetação nativa, o descarte irregular desses químicos poderá agravar ainda mais os danos ambientais, contaminando o solo e colocando em risco a fauna da região. O resultado dos exames será peça-chave para embasar as medidas legais contra os envolvidos.
A operação contou com a participação do Ibama, do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e da Polícia Científica, que reforçou a fiscalização neste dia 19.