A severa onda de calor que atingiu várias regiões da Europa nos últimos dias é responsável por aproximadamente 1.149 mortes na Espanha, conforme estimativas divulgadas pelo Instituto de Saúde Carlos III (ISCIII).
O levantamento considerou as flutuações na mortalidade diária em comparação com os padrões históricos entre 3 e 18 de agosto, quando os termômetros se aproximaram da marca de 40°C. Embora o sistema analítico, denominado MoMo, não consiga estabelecer uma relação causal direta entre as fatalidades e as condições climáticas, os dados apresentados representam a melhor avaliação disponível sobre os óbitos potencialmente relacionados à onda de calor.
No mês de julho, o MoMo já havia atribuído cerca de 1.060 mortes ao calor, um aumento superior a 50% em comparação com o mesmo período de 2024.
Temperaturas em declínio
Na terça-feira, 19 de setembro, as temperaturas em todo o território espanhol apresentaram uma redução, acompanhada por um aumento da umidade em diversas localidades, o que pode facilitar os esforços de combate aos incêndios florestais que se espalharam pelo país durante a onda de calor. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, alertou que ainda existem "horas desafiadoras" na batalha contra as chamas. Em sua declaração, ele pediu à população que mantenha a cautela e não diminua a vigilância, destacando momentos críticos ainda por vir.
"A cada ano, a emergência climática se intensifica, tornando-se mais frequente e acelerando seus efeitos, especialmente na Península Ibérica", enfatizou durante uma visita à Extremadura, uma das áreas mais afetadas pelos incêndios, onde quatro vidas foram perdidas.
Dados do satélite europeu Copernicus indicam que, desde o início do ano, cerca de 373 mil hectares foram devastados pelas chamas na Espanha, um número que continua a crescer e já estabelece um recorde anual desde o início das medições em 2006 pelo Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais.
Várias comunidades autônomas no noroeste espanhol, como Castela e Leão, Galícia, Astúrias e Extremadura, sofreram danos significativos, resultando na evacuação de milhares de pessoas, fechamento de estradas e interrupções no transporte, incluindo a ferrovia que conecta Madri à Galícia.
Embora muitos incêndios tenham sido causados por raios durante tempestades secas, há suspeitas de que alguns tenham sido intencionalmente provocados. O Ministério do Interior anunciou a detenção de 32 indivíduos suspeitos de iniciar focos de incêndio, além de 188 investigações ainda em andamento.
Impactos ambientais significativos
Além das chamas na Espanha, incêndios também foram registrados em Portugal, resultando em emissões de gases do efeito estufa consideradas "sem precedentes" pelo Copernicus durante a primeira quinzena de agosto. A fumaça gerada pelos incêndios se espalhou por centenas de quilômetros, comprometendo a qualidade do ar em regiões distantes, incluindo partes da França, Reino Unido e Escandinávia.