Os bombeiros espanhóis seguem em intensa batalha contra 12 focos de incêndios de grande porte ainda ativos na região da Galícia, no noroeste do país, enquanto o sul da Europa enfrenta temperaturas sem precedentes. O primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciou o envio de mais 500 militares para reforçar o combate às chamas, que já devastaram extensas áreas de floresta seca em meio à onda de calor recorde que atinge o continente.
Com essa medida, o contingente militar em operação chega a mais de 1.400 soldados, em apoio às brigadas locais que lutam para controlar os incêndios. A situação é mais grave na província de Ourense, onde, segundo o presidente do governo regional, Alfonso Rueda, casas seguem ameaçadas, evacuações estão em andamento e moradores permanecem confinados para evitar riscos.
A agência meteorológica AEMET alertou que as temperaturas poderiam chegar a 45 °C em algumas áreas, elevando ao máximo o risco de novos focos. No sábado, Córdoba registrou 44,7 °C, e especialistas apontam que a Europa tem aquecido duas vezes mais rápido que a média mundial desde os anos 1980, tornando os incêndios cada vez mais frequentes e intensos. Neste ano, já foram queimados cerca de 343 mil hectares em território espanhol, uma área equivalente à da Grande Londres.
Ajuda internacional e impactos na Galícia
Madri aguarda a chegada de dois aviões da Holanda para somar-se às aeronaves já enviadas por França e Itália dentro do mecanismo europeu de cooperação. Brigadas de outros países também devem se deslocar à região nos próximos dias. Em meio à crise, a operadora ferroviária Renfe suspendeu os trens de alta velocidade entre Madrid e a Galícia, sem previsão de retomada. As autoridades galegas ainda recomendaram o uso de máscaras para reduzir a inalação de fumaça e pediram que a população evite longas exposições ao ar livre.
Portugal também em alerta
Em Portugal, que decretou estado de alerta nacional no início de agosto, mais de 4 mil bombeiros, 1.300 viaturas e 17 aeronaves foram mobilizados no fim de semana. Apesar da expectativa de dias mais frescos, o país já viu este ano uma área queimada 17 vezes maior que a de 2024, alcançando 139 mil hectares, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Turquia enfrenta ameaças em Gallipoli
A situação é crítica também na Turquia, onde incêndios florestais já deixaram 19 mortos. No domingo, as chamas ameaçaram a península de Gallipoli, local histórico da Primeira Guerra Mundial, forçando evacuações e o fechamento de áreas de visitação. Seis aldeias precisaram ser esvaziadas, e cerca de 1.300 bombeiros, apoiados por 30 aeronaves, atuam na região de Chanacale para impedir o avanço do fogo.
Com a combinação de calor extremo, seca prolongada e ventos fortes, o sul da Europa e países vizinhos enfrentam uma das temporadas de incêndios mais severas dos últimos anos, colocando em risco vidas, patrimônios históricos e milhares de hectares de vegetação.