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Congresso Nacional
16/08/2025 06:00:00

Ré por rachadinha, chefe de gabinete de Hugo Motta tem “poder ilimitado” para movimentar salários de servidores

Ré por rachadinha, chefe de gabinete de Hugo Motta tem “poder ilimitado” para movimentar salários de servidores

A chefe de gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), Ivanadja Velloso Meira Lima, denunciada pelo Ministério Público Federal por improbidade administrativa em um caso de rachadinha, possui procurações que lhe concedem poderes amplos para sacar e movimentar salários de servidores e ex-servidores ligados ao parlamentar.

Levantamento identificou que dez pessoas, entre atuais e antigos funcionários do gabinete, assinaram documentos concedendo a Ivanadja autorização para efetuar saques, receber salários e realizar movimentações bancárias em nome delas. Oito dessas procurações citam explicitamente o recebimento de salários, e duas continuam vigentes para funcionários que seguem no gabinete. Juntas, essas pessoas receberam mais de R$ 4 milhões durante o período em que trabalharam com o deputado.

As procurações, registradas em cartórios da Paraíba desde 2011, indicam que a prática ocorre desde o início do mandato de Hugo Motta. Ivanadja, que trabalhou até janeiro de 2011 como chefe de gabinete do deputado Wilson Santiago, assumiu no dia seguinte o mesmo posto com Motta, mantendo o mesmo tipo de acesso a contas de funcionários.

Entre os casos identificados está o de Ary Gustavo Xavier Guedes Soares, motorista e caseiro da fazenda de Hugo Motta, que já recebeu mais de R$ 1,1 milhão da Câmara e assinou duas procurações em favor de Ivanadja. Outra funcionária ainda ativa no gabinete, Jane Costa Gorgônio, também concedeu poderes à chefe de gabinete para movimentar seus salários. Há ainda situações que sugerem desvio de função e acúmulo irregular de cargos, como a de Maria Socorro de Oliveira, que trabalhou simultaneamente no gabinete e no governo da Paraíba.

A reportagem também identificou ex-funcionários que assinaram procurações e se envolveram em investigações de outros esquemas ilícitos, como Valdirene Novo dos Reis, alvo da Operação Recidiva da Polícia Federal, e Kelner Araujo de Vasconcelos, denunciado na Operação Veiculação.

A acusação contra Ivanadja no caso que tramita na Justiça Federal se refere a um esquema com um funcionário fantasma no gabinete de Wilson Santiago, no qual ela teria sacado valores de sua conta. A defesa afirma que não há provas de enriquecimento ilícito e que as acusações se baseiam em presunções.

Segundo as normas da Câmara, cada deputado pode contratar até 25 secretários parlamentares, com salários que variam de R$ 1,5 mil a R$ 18,7 mil, sendo obrigatória a comprovação de frequência mensal. Apesar disso, a coluna revelou que Hugo Motta mantém casos de supostos funcionários fantasmas, como o de Gabriela Batista Pagidis e quatro parentes dela, que juntos receberam mais de R$ 2,8 milhões enquanto ocupavam cargos no gabinete.

Nem Hugo Motta nem Ivanadja Velloso se manifestaram sobre as novas revelações.