As Forças Armadas dos Estados Unidos estão mobilizando mais de 4.000 fuzileiros navais para atuar em águas da América Latina e do Caribe, como parte da estratégia do governo republicano contra organizações de tráfico de drogas. A informação foi divulgada pela CNN nesta sexta-feira, uma semana após o presidente Donald Trump autorizar o Pentágono a enfrentar cartéis estrangeiros, inclusive fora do território americano.
A operação, que já causa apreensão em países como Venezuela e México, remete à tradição intervencionista da Doutrina Monroe, que estabelece o direito dos EUA de proteger o Hemisfério Ocidental de influências externas. O envio do Grupo Anfíbio do USS Iwo Jima e da 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, ligado ao Comando Sul, integra um reposicionamento de forças que vem sendo preparado há três semanas.
A Marinha confirmou o deslocamento do USS Iwo Jima, do USS Fort Lauderdale e do USS San Antonio, sem informar os destinos. Segundo fontes militares, a missão também contará com um submarino nuclear de ataque, aeronaves de reconhecimento, contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados. Esses reforços foram designados para enfrentar ameaças de organizações narcoterroristas classificadas como terroristas por Washington.
Desde janeiro, quando os cartéis passaram a ser oficialmente considerados “organizações terroristas estrangeiras”, os EUA intensificaram ações contra líderes do tráfico, inclusive oferecendo US$ 26 milhões em recompensas por cinco chefes do grupo mexicano Carteles Unidos. Para o governo, a atuação é resposta à entrada de fentanil no país e sustenta medidas como tarifas ao México e Canadá, sob a acusação de não conterem o fluxo de drogas.
Embora a movimentação militar seja, no momento, vista como demonstração de força para intimidar os cartéis, ela dá ao Pentágono diversas opções para futuras ações ofensivas. No entanto, especialistas apontam que a interceptação de carregamentos e bloqueio de rotas dependerá fortemente da Guarda Costeira, responsável pela aplicação das leis marítimas e por missões de resgate.
Em março, contratorpedeiros já haviam sido enviados para as águas próximas à fronteira mexicana em apoio ao Comando Norte, mas os recursos agora deslocados ficarão sob comando do Comando Sul pelos próximos meses. Um memorando assinado pelo secretário de Defesa Pete Hegseth reforça a missão de proteger as fronteiras, combater migração ilegal, tráfico de drogas, contrabando, tráfico humano e deportar estrangeiros ilegais em coordenação com o Departamento de Segurança Interna.
A decisão de Trump de empregar as Forças Armadas no combate ao crime organizado gerou forte reação do México, que rejeitou terminantemente a presença de tropas americanas em seu território para enfrentar cartéis.