A insuficiência tricúspide é uma cardiopatia estrutural que afeta a válvula tricúspide, localizada no lado direito do coração, responsável por controlar a entrada do sangue que vem das veias para o órgão. Essa condição ocorre quando a válvula não fecha completamente, permitindo que o sangue retorne por um caminho inadequado, o que prejudica o fluxo normal e a função cardíaca.
Mais frequente em pacientes idosos, a insuficiência tricúspide pode causar sintomas graves à medida que o quadro evolui, como falta de ar, cansaço, inchaço nas pernas e no fígado, além de arritmias. Quando não tratada, a doença pode impedir a realização de atividades básicas e resultar em internações frequentes.
Durante muito tempo, essa condição foi subestimada até mesmo pela comunidade médica, sendo chamada de “válvula esquecida” por seu tratamento negligenciado, já que a maior atenção era voltada para as válvulas do lado esquerdo do coração.
Na Europa, a forma grave da doença atinge cerca de 2% a 3% da população, enquanto no Brasil, apesar da ausência de dados oficiais, acredita-se que o número seja maior devido à associação com a febre reumática, doença ligada a infecções de garganta não tratadas na infância, mais comum em países em desenvolvimento. Pacientes que tiveram febre reumática e foram operados por problemas nas válvulas do lado esquerdo podem desenvolver, posteriormente, doenças do lado direito do coração, incluindo insuficiência tricúspide.
Com o envelhecimento da população, os cardiologistas esperam um aumento na incidência da insuficiência tricúspide e outras doenças valvulares. A condição não pode ser prevenida, pois não há medicações capazes de evitar a degeneração, calcificação ou refluxo da válvula.
Os tratamentos mais modernos, como os que promovem a aproximação dos folhetos da válvula para reduzir o refluxo, são aprovados pela Anvisa, mas ainda não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Essas intervenções trazem melhora significativa nos sintomas, como o cansaço e o inchaço.
A conscientização da insuficiência tricúspide, tanto entre médicos quanto pacientes, é fundamental para que casos sintomáticos sejam avaliados e tratados adequadamente, evitando a progressão da doença e suas complicações.