Uma vistoria realizada pelo Ministério Público de Alagoas (MP/AL) nesta terça-feira (12) nos 8º e 21º Distritos Policiais de Maceió identificou diversas irregularidades que comprometem a saúde dos servidores, a estrutura física das unidades e a qualidade do atendimento à população. A ação foi realizada pela Promotoria de Justiça do Controle Externo da Atividade Policial, em parceria com a Vigilância Sanitária Municipal.
A promotora Karla Padilha, responsável pela inspeção, destacou problemas graves que vão desde extintores de incêndio vencidos até infiltrações, umidade e infestação de cupins, deixando o ambiente inadequado para o trabalho. Também foi constatada uma sala com mofo e odor forte, que pode prejudicar a saúde dos agentes e das pessoas que prestam depoimentos. Além disso, foi verificada a existência de uma geladeira enferrujada que oferece risco de choque elétrico, falta de água para consumo, caixas d’água sujas e ausência de material de limpeza, comprado pelos próprios funcionários.
A situação de efetivo também é preocupante: para atender uma população estimada em mais de 136 mil habitantes nos bairros Benedito Bentes e Antares, existem apenas dois ou três policiais e um escrivão por dia, o que sobrecarrega o atendimento. A promotora explicou que muitos agentes são escalados para plantões em outras unidades, deixando as delegacias ainda mais desfalcadas.
Durante a inspeção, pessoas que tentavam registrar denúncias ou Boletins de Ocorrência foram informadas de que o atendimento não poderia ser realizado no momento, devido à ausência da escrivã, que participava de um curso, e foram orientadas a se deslocar até a Central de Flagrantes na Avenida Durval de Góes Monteiro.
Karla Padilha ressaltou que, apesar da convocação de aprovados no último concurso da Polícia Civil, nenhum escrivão ou agente foi alocado para essas distritais, pois os novos servidores foram designados para delegacias especializadas ou funções administrativas, o que agrava a falta de pessoal nas unidades que atendem diretamente a população. Ela alertou para o risco de impunidade, já que muitos inquéritos antigos permanecem pendentes, com prazos legais se aproximando.
O MP aguarda o relatório da Vigilância Sanitária e afirmou que, caso os problemas não sejam resolvidos, tomará as medidas legais cabíveis para garantir a melhoria das condições de trabalho e atendimento.