O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, reafirmou no sábado, 9, que o país não abrirá mão de nenhuma parte de seu território para encerrar a guerra com a Rússia. A declaração foi feita pouco depois do anúncio de que os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, marcaram para 15 de agosto, no Alasca, uma reunião com o objetivo de buscar um acordo para o fim do conflito iniciado em fevereiro de 2022.
O encontro será realizado em território norte-americano, mas próximo geograficamente à Rússia. A ausência da Ucrânia nas negociações gerou críticas de Kiev e de líderes europeus. Na sexta-feira, Trump declarou que “haverá alguma troca de territórios para o benefício de ambos”, referindo-se à Ucrânia e à Rússia, sem detalhar quais áreas poderiam ser cedidas.
Zelensky reagiu com firmeza, afirmando nas redes sociais que “os ucranianos não entregarão suas terras ao ocupante” e que nenhuma decisão pode ser tomada sem a participação do país. “A guerra não pode terminar sem nós, sem a Ucrânia”, ressaltou.
O líder ucraniano manteve conversas com chefes de Estado europeus. Com o presidente francês, Emmanuel Macron, discutiu a situação militar e política, e ouviu de Macron que “o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos”. Já o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, manifestou “total apoio” a Kiev e defendeu “uma paz justa e duradoura” que preserve a soberania ucraniana.
No mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com Putin. Segundo o Palácio do Planalto, a ligação durou cerca de 40 minutos. Lula reiterou a disposição do Brasil em colaborar com uma solução pacífica, e o líder russo agradeceu o interesse brasileiro no tema.
As negociações anteriores entre Moscou e Kiev fracassaram. Em 2025, três rodadas de diálogo não resultaram em avanços, e não há garantias de que a nova reunião mudará esse cenário. A invasão russa já deixou dezenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e destruiu parte significativa da infraestrutura ucraniana.
A reunião no Alasca será a primeira entre presidentes dos EUA e da Rússia desde junho de 2021, quando Joe Biden se encontrou com Putin em Genebra. Trump e Putin não se veem pessoalmente desde o G20 de 2019, no Japão, embora tenham conversado por telefone várias vezes este ano. Zelensky criticou a escolha do local, dizendo que “o Alasca está muito longe desta guerra, que é travada em nossa terra, contra nosso povo”.
Enquanto isso, a situação no campo de batalha continua crítica. O Exército russo intensifica ofensivas no leste, ameaçando a cidade estratégica de Pokrovsk, no Donbass. Durante a noite, ataques com drones e bombardeios resultaram em novas vítimas civis: quatro mortos na região de Donetsk e dois em Kherson, além de cerca de 20 feridos.
Moscou mantém suas exigências para encerrar a guerra, incluindo que Kiev ceda os oblasts de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson, além da Crimeia, que renuncie à entrada na Otan e interrompa o recebimento de armas ocidentais. Para a Ucrânia, essas condições são inaceitáveis. Zelensky exige a retirada completa das tropas russas e mais apoio militar do Ocidente, incluindo a possibilidade de envio de forças europeias, proposta rejeitada pelo Kremlin.