O cantor e compositor Arlindo Cruz, ícone do samba, morreu nesta sexta-feira (8), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde março, após ser diagnosticado com pneumonia. Desde 2017, o artista enfrentava graves sequelas de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico sofrido enquanto tomava banho, o que provocou danos irreversíveis ao cérebro e alterou completamente sua rotina.
Segundo o neurocirurgião Victor Hugo Espíndola, mesmo após o controle do sangramento cerebral, muitas sequelas permanecem, pois o tecido do cérebro não se regenera totalmente. Isso pode exigir reabilitação contínua e causar limitações permanentes. No caso de Arlindo, ele vivia com mobilidade reduzida, dependia de traqueostomia e se alimentava por gastrostomia, condições que aumentavam o risco de complicações respiratórias, como a pneumonia que motivou sua internação em julho.
Durante o tratamento, seu quadro se agravou com a descoberta de uma infecção causada por uma bactéria resistente, fazendo com que o sambista deixasse de responder a estímulos.
De acordo com o médico Paulo Abrão, presidente da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), pacientes que sofreram AVC frequentemente apresentam alterações neurológicas e respiratórias que favorecem infecções, especialmente pela disfagia, dificuldade para engolir, o que aumenta o risco de aspiração de saliva, líquidos e alimentos para os pulmões. Essa condição pode evoluir para pneumonia.
A imobilidade prolongada e o estado neurológico comprometido reduzem a capacidade do organismo de combater infecções, tornando a evolução da doença mais rápida e perigosa. Nessas circunstâncias, a pneumonia pode levar à insuficiência respiratória e à sepse, aumentando o risco de morte.
A presença de uma bactéria resistente tornou o tratamento ainda mais difícil, já que esses microrganismos desenvolvem mecanismos para escapar da ação de antibióticos antes eficazes, reduzindo as opções terapêuticas e elevando o risco de complicações, especialmente em pacientes debilitados como Arlindo Cruz.