Rússia constrói fábrica de drones e se afasta de ajuda do Irã

Na cidade de Alabuga, a 960 km a leste de Moscou, na região do Tartaristão, a Rússia inaugurou uma grande fábrica dedicada à produção em massa do drone de ataque Shahed-136, originalmente de design iraniano, conhecido localmente como Geran. O CEO da fábrica, Timur Shagivaleev, destacou em documentário que a unidade é uma instalação completa, produzindo a maioria dos componentes internamente, desde os motores, feitos a partir de barras de alumínio, até microeletrônica, fuselagens em fibra de carbono e fibra de vidro.

Essa fábrica representa a absorção quase total da produção do drone Shahed pela indústria militar russa, que tem sido um elemento central na guerra contra a Ucrânia. Imagens de satélite indicam expansão constante das instalações, incluindo áreas de produção e dormitórios, o que permitiria ampliar a fabricação em escala significativa. Analistas acreditam que esse crescimento pode permitir que a Rússia exporte versões aprimoradas e testadas em combate do drone, inclusive para o próprio Irã.

No entanto, essa integração e independência russa na produção do Shahed-136 provocaram tensões entre Moscou e Teerã. Fontes de inteligência ocidentais indicam que o Irã está insatisfeito com o retorno limitado recebido pela ajuda oferecida à Rússia, que inclui drones, mísseis e outros armamentos. O descontentamento iraniano ficou mais evidente durante o recente conflito de 12 dias entre Israel e o Irã, quando as declarações russas de condenação foram consideradas pouco contundentes por Teerã, país que tem apoiado a Rússia desde o início da invasão à Ucrânia.

Ali Akbar Dareini, analista do Centro de Estudos Estratégicos ligado ao gabinete presidencial iraniano, comentou que o Irã poderia esperar que a Rússia assumisse uma postura mais ativa ou oferecesse maiores contrapartidas sem ser pressionada a isso. Essa situação evidencia a crescente distância entre os dois países apesar da cooperação militar.