A palavra “pai” pode ter uma definição simples no dicionário, mas, na prática, carrega inúmeros significados. A paternidade ultrapassa o vínculo biológico e se apresenta de diferentes formas, cada uma com desafios, alegrias e particularidades. Seja de primeira viagem, em idade mais avançada, solo, adotiva ou atípica, todas compartilham um ponto em comum: o amor e a responsabilidade de cuidar e guiar uma vida.
O Dia dos Pais celebra essa diversidade e convida à reflexão sobre as diferentes experiências da paternidade contemporânea. É um momento para reconhecer aqueles que se adaptam a novas rotinas, que enfrentam batalhas por filhos com necessidades especiais, que criam sozinhos ou que se dedicam diariamente a cultivar uma relação de afeto além da obrigação. Cada pai constrói sua própria história, mas todos têm o mesmo compromisso: amar, proteger e orientar.
Aos 17 anos, Guilherme da Silva Chaves descobriu que seria pai, ainda no ensino médio. O susto e o medo vieram acompanhados da incerteza financeira, mas também do apoio da família e dos amigos. Hoje, aos 23, cuida de João Guilherme, de 4 anos, e Henrique, de 4 meses. Entre faculdade, trabalho e a rotina intensa, busca energia para brincar com os filhos e reconhece que amadureceu rápido, abrindo mão de momentos típicos da juventude para priorizá-los.
A experiência de Gabriel Guedes, 26, também foi transformadora. Tornou-se pai aos 20 anos, em meio a dificuldades financeiras e a uma vida voltada para festas. Maria Flor, hoje com 6 anos, mudou sua perspectiva. Ele adaptou seus sonhos para colocá-la como prioridade, mantendo-se presente e buscando ser um pai amoroso, protetor e participativo. Para ele, ser pai jovem é estar mais próximo e atento aos sentimentos da criança.
Segundo a psicóloga Andréa Pepino, pais jovens ainda enfrentam estigmas ligados à maturidade e responsabilidade, sendo muitas vezes deslegitimados. Ela destaca a importância da rede de apoio para oferecer acolhimento e dividir responsabilidades, fator essencial também para pais solos.
Marcelo Guimarães de Souza, prestes a completar 55 anos, viveu a paternidade tardia. Pai de Daniel, 27, e de Maria Valentina, 5, ele enfrentou nove anos de tentativas para que a segunda filha chegasse. A maturidade trouxe mais paciência, mas também novos desafios em um tempo com outras formas de educar. Ele valoriza cada momento com a filha e se sente revigorado pelas brincadeiras e pelo vínculo que construíram.
A psicóloga Andréa Pepino observa que ainda há estereótipos e preconceitos que dificultam a participação plena dos homens no cuidado com os filhos. Já o psicólogo Paulo Henrique Souza ressalta que a paternidade não tem manual, e que cada pai, independentemente da idade, precisa adaptar expectativas e estratégias de cuidado.
Para Anderson Cabral, 43, pai de cinco filhos, a paternidade ganhou um novo significado com o nascimento prematuro das gêmeas Maria e Ana, hoje com 2 anos. Maria foi diagnosticada com paralisia cerebral, o que exigiu mudanças na rotina e esforços para garantir tratamentos adequados. Cada pequena conquista da filha é motivo de orgulho e emoção. Ele vê a paternidade como uma missão que exige persistência, amor e dedicação diária.
O psicólogo Paulo Henrique destaca que, diante de diagnósticos específicos, os pais precisam refazer planos e expectativas, adaptando o cuidado e a forma de ver o filho. Anderson acredita que a vivência com Maria, apesar dos desafios, trouxe aprendizados valiosos e um amor puro, capaz de transformar toda a família. Para ele, é fundamental nunca desistir das crianças e lutar para que tenham oportunidades e respeito, mesmo em um mundo muitas vezes hostil.