A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos se aprofundou após a Embaixada norte-americana em Brasília publicar, em português, uma mensagem nas redes sociais acusando o ministro do STF Alexandre de Moraes de ser “o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores” e de cometer “flagrantes violações de direitos humanos”.
O comunicado afirma que Moraes foi sancionado pelo governo Trump com base na Lei Global Magnitsky e adverte que integrantes do Judiciário e de outras áreas “estão avisados para não apoiar nem facilitar” suas ações, alertando que Washington “monitora a situação de perto”.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores convocou nesta sexta-feira (8) o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para uma reunião em Brasília — gesto considerado grave nas relações internacionais. A Embaixada confirmou o encontro, mas não revelou o conteúdo das conversas.
Dias antes, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental já havia criticado Moraes, afirmando que ele “continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição” e pedindo que Jair Bolsonaro possa se manifestar publicamente.
As declarações acontecem após Moraes decretar, em 5 de agosto, prisão domiciliar contra Bolsonaro por violar medidas cautelares impostas em julho no processo sobre suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo o ministro, o ex-presidente continuou se comunicando com o público por meio de aliados e familiares, incluindo a divulgação de vídeos e áudios durante atos no dia 4 de agosto.
A prisão prevê:
Cumprimento integral no endereço residencial;
Proibição de uso de celular direta ou indiretamente;
Restrição de visitas apenas a advogados e pessoas autorizadas pelo STF, sem uso de celulares ou registros;
Manutenção de proibições anteriores, como contato com diplomatas, acesso a embaixadas e comunicação com outros investigados.
Moraes também determinou busca e apreensão de celulares que estivessem com Bolsonaro para assegurar o cumprimento das medidas.
Esse episódio marca um dos pontos mais tensos na relação Brasil–EUA nos últimos anos, misturando disputa política interna com repercussões diplomáticas internacionais.