07/10/2025 15:47:49

Maceió
09/08/2025 01:00:00

Estudo aponta que deslocamento do solo em bairros de Maceió ocorre desde 2004 e segue ativo

Estudo aponta que deslocamento do solo em bairros de Maceió ocorre desde 2004 e segue ativo

Um relatório técnico-científico apresentado nesta sexta-feira (8), durante audiência pública no auditório do Cesmac, em Maceió, revelou que o solo nas áreas afetadas pela mineração da Braskem já apresentava sinais de deslocamento desde pelo menos 2004, muito antes do colapso registrado oficialmente em 2018. A pesquisa também indica que a movimentação do terreno continua e exige revisão urgente do atual mapa de criticidade da capital.

Coordenado pelo professor Marcos Eduardo Hartwig, do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o estudo foi realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da University of Leipzig, da Leibniz University Hannover e da própria Ufes, a pedido do Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública de Alagoas.

De acordo com Hartwig, imagens de satélite mostram que as deformações significativas no solo começaram há mais de 20 anos, mas não constam nos registros oficiais, que consideram apenas o período de 2019 a 2024. Ele destacou que essa ausência de dados explica por que algumas áreas não aparecem com maior criticidade nos mapas.

Entre os pontos de maior preocupação está a Estação de Tratamento de Água Cardoso, situada entre a barragem do Catolé e o bairro do Bebedouro. Mesmo após obras de reforço, a estrutura apresenta fissuras, vazamentos e deslocamentos verticais e horizontais considerados anormais. Fissurômetros instalados no local confirmaram a evolução das trincas, colocando em risco a segurança do imóvel.

O relatório também alerta para a situação dos Flexais, onde o deslocamento horizontal chega a 10 milímetros por ano, o dobro do limite de 5 mm/ano previsto no atual mapa de risco.

Entre as medidas propostas estão a revisão imediata do mapa de criticidade, o reforço do monitoramento em tempo real e a criação de um “mapa de nível de danos” específico para áreas periféricas, frequentemente excluídas das ações de mitigação.

A audiência pública contou com a presença de lideranças comunitárias, especialistas, representantes da sociedade civil e da Defensoria Pública. O defensor Ricardo Melro afirmou que o relatório será encaminhado à Defesa Civil e ao prefeito João Henrique Caldas (PL). Caso não haja avanço nas tratativas, a Defensoria pretende recorrer à Justiça para garantir proteção efetiva às comunidades afetadas.