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Economia
08/08/2025 10:00:00

CNI: 77,8% das exportações brasileiras são atingidas por sobretaxas dos EUA

CNI: 77,8% das exportações brasileiras são atingidas por sobretaxas dos EUA

Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que cerca de 8 mil produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos estão sujeitos a tarifas adicionais impostas pelo governo norte-americano desde o início do mandato do presidente Donald Trump. Esse número corresponde a 77,8% de toda a pauta exportadora entre os dois países.

A pesquisa, baseada em dados da United States International Trade Commission (USITC), considera as ordens executivas que estabeleceram tarifas de 10%, 40% e também as da Seção 232 do Trade Expansion Act, que variam entre 25% e 50%. Essas tarifas atingem especialmente produtos como aço, alumínio, cobre, veículos e autopeças.

No total, 10.298 produtos foram identificados na pauta de exportação entre Brasil e Estados Unidos, segundo o levantamento da CNI. O presidente da entidade, Ricardo Alban, destacou a gravidade do cenário, apontando que o país precisará avançar nas negociações para superar essas barreiras comerciais. Alban reforçou a importância do diálogo entre governos e setor produtivo, já que os EUA são um dos principais parceiros comerciais da indústria brasileira.

Dos produtos afetados, 41,4% da pauta, equivalente a 7.691 itens, estão sujeitos à alíquota máxima de 50%. Em 2024, a exportação desses bens movimentou US$ 17,5 bilhões. A indústria de transformação é o segmento mais impactado, representando 69,9% desse valor, com 7.184 produtos diretamente afetados pelas tarifas. Setores como vestuário e acessórios (14,6%), máquinas e equipamentos (11,2%), produtos têxteis (10,4%), alimentos (9,0%), químicos (8,7%) e couro e calçados (5,7%) também sofrem com a tarifa máxima de 50%.

Para enfrentar o desafio, a CNI propõe medidas como a criação de uma linha emergencial de financiamento pelo BNDES, com juros entre 1% e 4% ao ano, voltada a empresas diretamente afetadas pelo tarifaço. Outra sugestão é o adiamento do pagamento de tributos federais por 120 dias, incluindo contribuições previdenciárias, além do parcelamento dos débitos em pelo menos seis meses, sem multas ou juros. Também foi sugerido o pagamento dos tributos com recolhimento adiado para os setores prejudicados.

Segundo Ricardo Alban, as propostas visam minimizar os impactos econômicos negativos das barreiras, proteger a capacidade exportadora das empresas brasileiras e assegurar a continuidade das operações internacionais num cenário de alta incerteza.