A maioria das organizações internacionais que atuam em parceria com entidades locais para fornecer assistência essencial na Faixa de Gaza pode encerrar suas atividades nas próximas semanas, caso Israel não suspenda a exigência de fornecimento de informações confidenciais sobre funcionários palestinos.
A medida foi introduzida em março por Israel e se aplica também à Cisjordânia. Segundo a determinação, as ONGs que não enviarem os dados até 9 de setembro terão seu registro cancelado. As informações solicitadas incluem identificação completa de todos os trabalhadores, palestinos e estrangeiros, e, no caso de estrangeiros, estado civil, detalhes familiares, números de passaporte de cônjuges e filhos, além dos países de emissão.
Agências da ONU, que atuam em Gaza em parceria com essas ONGs, alertam que a retirada das organizações internacionais pode comprometer de forma grave a entrega de suprimentos, financiamento e apoio técnico às entidades palestinas. Estima-se que mais de 200 ONGs, locais e internacionais, operem atualmente na região. No mês passado, Israel negou pedidos de 29 delas para envio de ajuda humanitária, alegando falta de autorização.
Em comunicado, a equipe humanitária da ONU pediu que Israel reconsidere a medida, afirmando que dificultar o trabalho dessas organizações viola o direito internacional e aumenta os riscos para a população.
A situação se agrava diante da crise humanitária. Pelo menos 20 palestinos morreram e dezenas ficaram feridos em Deir Al-Balah, no centro de Gaza, quando um comboio de ajuda capotou em meio à multidão. Relatos indicam que pessoas desesperadas tentaram subir nos caminhões antes que motoristas perdessem o controle.
De acordo com o Escritório de Coordenação de Ajuda da ONU (Ocha), 90% da ajuda enviada a Gaza desde 20 de julho foi tomada por multidões famintas ou saqueada por grupos armados, evidenciando o desespero da população e a dificuldade na distribuição segura de suprimentos.