O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tem considerado a possibilidade de deixar a Corte após concluir sua gestão na presidência, prevista para setembro. Pessoas próximas relatam que o ministro, aos 67 anos, já manifestou há algum tempo a intenção de não permanecer no STF até a aposentadoria compulsória, aos 75 anos, como permitido.
Barroso estaria motivado por um sentimento de frustração com o que define como uma “crise de civilidade” em escala global. Além disso, o desconforto com o atual cenário político internacional, especialmente a ofensiva dos Estados Unidos — que teria incluído o cancelamento de seu visto por suposta ligação com o ministro Alexandre de Moraes — também pesa na decisão. Embora demonstre solidariedade a Moraes e rejeite as ameaças vindas do ex-presidente Donald Trump, Barroso tem vínculos acadêmicos e pessoais com os EUA e se sente penalizado de forma indireta.
Entre os motivos que o fazem refletir sobre uma saída antecipada estão também mudanças internas no STF. Após passar a presidência a Edson Fachin, Barroso integrará pela primeira vez a Segunda Turma da Corte, formada por ministros com os quais tem menos afinidade: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, André Mendonça e Nunes Marques, além do próprio Fachin.
Apesar de não haver decisão definitiva até o momento, o assunto já movimenta os bastidores políticos. No entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já se discutem possíveis nomes para uma eventual indicação. Um dos principais cotados é Jorge Messias, atual advogado-geral da União e homem de confiança do governo. Outro nome em avaliação é o da presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha.
Caso Barroso opte por antecipar sua aposentadoria, Lula terá a chance de indicar um novo ministro ao STF ainda neste mandato, o que representa uma oportunidade estratégica, principalmente diante da incerteza sobre sua reeleição em 2026. O próprio Barroso, segundo interlocutores, cogita se dedicar à vida acadêmica como professor e palestrante, mas também estaria aberto a um cargo diplomático, caso seja convidado pelo governo.