Produtores do setor sucroenergético de Alagoas estão preocupados com os impactos negativos da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas (Sindaçúcar/AL) alertou o governo estadual sobre os riscos de colapso no setor e solicitou apoio para interceder junto ao Governo Federal, além de pedir a intensificação dos programas estaduais de incentivo fiscal. Segundo o sindicato, as consequências da sobretaxa podem afetar duramente a geração de emprego e renda em dezenas de municípios do estado.
Em nota, o Sindaçúcar afirmou que o aumento tarifário pode comprometer a sustentabilidade de usinas e produtores rurais, afetando diretamente cerca de 85 mil empregos diretos nas 54 cidades alagoanas que dependem da cultura da cana-de-açúcar. O sindicato ainda ressaltou que o impacto poderá se estender ao fechamento de pequenas empresas e à redução significativa da circulação de renda nesses municípios.
A Tribuna Independente procurou a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para comentar o alerta do sindicato, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Em ofício enviado ao governador Paulo Dantas (MDB), o presidente do Sindaçúcar/AL, Pedro Robério de Melo Nogueira, destacou que os Estados Unidos representam cerca de 15% do volume exportado por Alagoas, com valores que correspondem a aproximadamente 20% das exportações totais do setor no estado. Ele informou que, por ano, Alagoas envia entre 75 mil e 80 mil toneladas de açúcar para os EUA, o que representa uma receita de US$ 56 milhões.
As exportações da atual safra estão em fase de negociação para embarque entre os meses de outubro e novembro, e a possibilidade de sobretaxa gera insegurança para os produtores.
O setor também sugeriu ao governo federal a adoção de medidas provisórias caso as tarifas não sejam revertidas, como liberação de crédito emergencial, incentivos fiscais e ações para evitar demissões em massa. No âmbito estadual, o sindicato solicitou a ampliação dos incentivos já concedidos, especialmente os relacionados ao ICMS, como forma de compensar as possíveis perdas financeiras.
Com a viagem do governador Paulo Dantas à Inglaterra, onde acompanha um programa de intercâmbio da rede pública estadual, o vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) assumiu a missão de representar Alagoas em Brasília nas discussões sobre o tema. A assessoria confirmou sua ida à capital federal para tratar do assunto.
O Consórcio Nordeste também entrou na mobilização. Governadores da região marcaram reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília para discutir os impactos das tarifas norte-americanas. De acordo com o consórcio, já foram iniciadas articulações com a APEXBrasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para proteger os setores produtivos mais atingidos. As tarifas atingem diretamente cadeias estratégicas da região, como fruticultura, apicultura, indústria têxtil, calçadista, metalmecânica e automotiva.