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Geral
06/08/2025 15:00:00

85 mil empregos estão ameaçados em 54 cidades de Alagoas

85 mil empregos estão ameaçados em 54 cidades de Alagoas

Produtores do setor sucroenergético de Alagoas estão preocupados com os impactos negativos da nova tarifa imposta pelos Estados Unidos às exportações brasileiras. O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas (Sindaçúcar/AL) alertou o governo estadual sobre os riscos de colapso no setor e solicitou apoio para interceder junto ao Governo Federal, além de pedir a intensificação dos programas estaduais de incentivo fiscal. Segundo o sindicato, as consequências da sobretaxa podem afetar duramente a geração de emprego e renda em dezenas de municípios do estado.

Em nota, o Sindaçúcar afirmou que o aumento tarifário pode comprometer a sustentabilidade de usinas e produtores rurais, afetando diretamente cerca de 85 mil empregos diretos nas 54 cidades alagoanas que dependem da cultura da cana-de-açúcar. O sindicato ainda ressaltou que o impacto poderá se estender ao fechamento de pequenas empresas e à redução significativa da circulação de renda nesses municípios.

A Tribuna Independente procurou a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para comentar o alerta do sindicato, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

Em ofício enviado ao governador Paulo Dantas (MDB), o presidente do Sindaçúcar/AL, Pedro Robério de Melo Nogueira, destacou que os Estados Unidos representam cerca de 15% do volume exportado por Alagoas, com valores que correspondem a aproximadamente 20% das exportações totais do setor no estado. Ele informou que, por ano, Alagoas envia entre 75 mil e 80 mil toneladas de açúcar para os EUA, o que representa uma receita de US$ 56 milhões.

As exportações da atual safra estão em fase de negociação para embarque entre os meses de outubro e novembro, e a possibilidade de sobretaxa gera insegurança para os produtores.

O setor também sugeriu ao governo federal a adoção de medidas provisórias caso as tarifas não sejam revertidas, como liberação de crédito emergencial, incentivos fiscais e ações para evitar demissões em massa. No âmbito estadual, o sindicato solicitou a ampliação dos incentivos já concedidos, especialmente os relacionados ao ICMS, como forma de compensar as possíveis perdas financeiras.

Com a viagem do governador Paulo Dantas à Inglaterra, onde acompanha um programa de intercâmbio da rede pública estadual, o vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) assumiu a missão de representar Alagoas em Brasília nas discussões sobre o tema. A assessoria confirmou sua ida à capital federal para tratar do assunto.

O Consórcio Nordeste também entrou na mobilização. Governadores da região marcaram reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília para discutir os impactos das tarifas norte-americanas. De acordo com o consórcio, já foram iniciadas articulações com a APEXBrasil e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para proteger os setores produtivos mais atingidos. As tarifas atingem diretamente cadeias estratégicas da região, como fruticultura, apicultura, indústria têxtil, calçadista, metalmecânica e automotiva.