A manhã desta terça-feira foi marcada pela emoção e pelo respeito. Representantes do jornalismo e da Polícia Civil de Alagoas se reuniram para prestar as últimas homenagens a Jaime Feitosa, profissional que deixou sua marca tanto nas redações quanto nas instituições de segurança do estado. Jornalista, editor, policial civil e referência na cobertura de temas policiais, Jaime partiu deixando um legado de ética, dedicação e humanidade.
“Hoje, o jornalismo perde. Hoje, a polícia perde”, resumiu o secretário de Segurança Pública de Alagoas, delegado Flávio Saraiva. “Era uma pessoa sem vaidades, com objetivos simples: viver, cuidar dos filhos e dos amigos. Jaime foi um exemplo. Tornou-se policial sem abandonar a alma de jornalista.”
Durante a cerimônia de despedida, colegas, amigos e familiares ressaltaram sua conduta ética, sua discrição e sua atuação firme. O delegado-geral Gustavo Xavier relembrou o papel essencial que Jaime desempenhou como assessor de comunicação da Polícia Civil: “Foram quase quatro décadas de serviços prestados à segurança pública e à imprensa. Ele era reservado nas palavras, mas incansável nas ações. Com ele, aprendíamos todos os dias.”
A jornalista Fátima Almeida recordou com carinho a convivência nas redações da Gazeta e da Tribuna. “Jaime era sempre alegre, companheiro, dono de uma escrita marcante e de um riso fácil. Trazia luz para qualquer ambiente.”
O delegado Sidney Tenório, filho de Jaime, também expressou sua admiração. “Ele foi meu exemplo, tanto como jornalista quanto como homem. Trabalhei com ele desde a época de estagiário e segui seus passos na Polícia Civil. Ele me ensinou que ética não se negocia.”
Um dos amigos mais próximos de Jaime, o editor de fotografia Adailson Calheiros, emocionou-se ao lembrar as experiências que compartilharam nas redações e nas ruas. Trabalharam juntos em diversos veículos e também na Secretaria de Segurança Pública. Entre os trabalhos que marcaram a trajetória da dupla estão matérias como o flagrante de uma mulher acusada de sequestrar crianças para levá-las ao exterior, e a série “Escravos Brancos”, que abordou o transporte precário de trabalhadores alagoanos para o Pará, ganhando repercussão nacional.
“Fizemos história no jornalismo de Alagoas e do Brasil. Jaime foi mais que um colega: foi um amigo leal e verdadeiro em tantas coberturas e momentos marcantes”, declarou Calheiros.
Outros nomes da antiga guarda do jornalismo, como o fotógrafo Zé da Feira, também prestaram homenagens. Ele lembrou com saudade os tempos de redação, as madrugadas movimentadas, o trabalho feito com paixão e improviso. “Era um tempo em que se fazia jornalismo com o coração. Jaime era o ponto de equilíbrio daquela correria.”
Jaime Feitosa começou sua trajetória no jornalismo nos anos 1970 e se tornou uma figura central no jornalismo investigativo alagoano, especialmente na cobertura de temas ligados à segurança pública. Mesmo após sair das redações, retornou ao jornalismo na Tribuna Independente, atuando com a mesma paixão de sempre.
Na despedida, jornalistas e policiais civis reconheceram que perderam mais do que um colega: perderam um amigo leal, íntegro e incansável defensor da verdade. Jaime Feitosa cumpriu sua missão e deixa uma trajetória luminosa, marcada pelo compromisso com a verdade e pelo amor ao que fazia.