O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira (5) que derrotar completamente o Hamas é essencial para garantir a libertação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza. A declaração foi dada antes de uma reunião do gabinete de segurança israelense, que deve definir uma nova etapa da ofensiva militar contra o grupo palestino. Ao mesmo tempo, o governo israelense decidiu flexibilizar, de forma parcial, o bloqueio ao território, permitindo a entrada limitada de mercadorias do setor privado, o que abre espaço para uma reativação inicial da economia local.
A reunião do gabinete, que reunirá ministros da Defesa, de Assuntos Estratégicos e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, coincide com uma sessão do Conselho de Segurança da ONU dedicada à situação dos reféns israelenses em Gaza, proposta por Israel. A imprensa local aponta que Netanyahu planeja intensificar os combates em áreas onde se acredita que reféns ainda estejam detidos, inclusive em campos de refugiados.
"É necessário derrotar completamente o inimigo em Gaza, libertar todos os nossos reféns e garantir que Gaza não represente mais uma ameaça para Israel. Não abrimos mão de nenhuma dessas missões", declarou Netanyahu durante visita a uma base militar.
Tensões dentro da cúpula militar
Apesar do tom firme, a estratégia do governo enfrenta questionamentos dentro da própria estrutura militar. Segundo informações da imprensa israelense, o chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, é uma das vozes contrárias à ocupação total da Faixa de Gaza, temendo que essa ofensiva coloque em risco os reféns e as tropas israelenses. Zamir, inclusive, cancelou uma viagem aos Estados Unidos para participar da reunião do gabinete.
O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que todas as medidas necessárias serão adotadas para derrotar o Hamas, mesmo diante de eventuais divergências internas.
O conflito, que teve início com o ataque sem precedentes do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, continua mobilizando a sociedade israelense, principalmente pela situação dos 49 reféns ainda mantidos em Gaza — dos quais 27 já foram declarados mortos pelas autoridades israelenses.
Pressão internacional e crise humanitária
No cenário internacional, aumentam as críticas à condução da guerra e às consequências humanitárias. A ONU alerta para o risco de fome em Gaza, onde mais de dois milhões de pessoas enfrentam escassez extrema de recursos em meio à destruição provocada pelos bombardeios.
Diante disso, Israel anunciou a autorização parcial para entrada de mercadorias destinadas ao setor privado palestino. A medida, segundo o Ministério da Defesa, tem como objetivo reduzir a dependência da ajuda humanitária. O Cogat, órgão responsável pela administração civil em Gaza, informou que apenas comerciantes autorizados poderão importar produtos básicos como alimentos infantis, frutas, vegetais e itens de higiene. Todas as operações passarão por rigorosos controles de segurança, e os pagamentos serão feitos exclusivamente via transferência bancária.
Apesar da medida, os ataques continuam. A Defesa Civil de Gaza informou que 26 pessoas morreram apenas nesta terça-feira em decorrência de bombardeios israelenses.
Desde o início do conflito, mais de 61 mil palestinos foram mortos em Gaza, de acordo com dados do Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Do lado israelense, o ataque inicial do grupo em outubro de 2023 deixou 1.219 mortos, a maioria civis.