O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou na segunda-feira (4) que reunirá seu gabinete de segurança ainda nesta semana para tratar de planos voltados à ocupação completa da Faixa de Gaza. O anúncio ocorre em meio ao agravamento da fome no território palestiniano e novas mortes de civis que tentavam acessar ajuda humanitária.
Segundo Netanyahu, os objetivos da ofensiva militar seguem os mesmos: derrotar o Hamas, libertar os reféns e impedir que Gaza volte a representar uma ameaça a Israel. Ele declarou que, diante da divulgação de vídeos recentes mostrando reféns israelenses em situação crítica, está determinado a seguir com as operações militares mesmo sem buscar um acordo com o grupo palestino.
As imagens, que mostram os reféns subnutridos, causaram comoção entre os israelenses e críticas de líderes internacionais. Netanyahu afirmou que esses registros reforçam a necessidade de uma ação decisiva contra o Hamas.
Em documentos internos do governo israelense datados de dezembro de 2023, já havia esboços de um plano semelhante ao que o premiê pretende agora implementar, excluindo qualquer possibilidade de administração por parte da Autoridade Palestina ou da presença da agência da ONU para refugiados (UNRWA) no território.
Apesar disso, a proposta enfrenta resistência dentro do próprio governo israelense e entre figuras proeminentes da sociedade, além de vir sendo dificultada pelo impasse nas negociações de cessar-fogo, que têm avançado lentamente.
Mortes aumentam enquanto palestinos buscam ajuda
No mesmo dia do anúncio de Netanyahu, dezenas de palestinos foram mortos enquanto tentavam acessar alimentos e suprimentos em Gaza, segundo informações das autoridades de saúde locais. Outras cinco pessoas teriam morrido em decorrência da fome.
Desde maio, centenas de palestinos foram mortos ao se aproximarem de pontos de distribuição de alimentos ou comboios de ajuda. Testemunhas, profissionais da saúde e o escritório de direitos humanos da ONU relataram episódios em que militares israelenses abriram fogo contra civis próximos aos locais de entrega.
Diante da escassez de comida, países estrangeiros têm recorrido ao lançamento de ajuda aérea. No entanto, organizações humanitárias e a própria ONU alertam que esses lançamentos de paraquedas são arriscados e pouco eficazes, além de, em alguns casos, resultarem em novos incidentes.
Há relatos de paletes de mantimentos lançadas no mar, obrigando os moradores a correr até a água, ou em áreas classificadas como “zonas vermelhas”, das quais os residentes haviam sido obrigados a sair. Em um dos casos, um contêiner caiu sobre uma tenda com pessoas deslocadas, causando vítimas.
Na segunda-feira, 16 palestinos morreram enquanto aguardavam caminhões de ajuda da ONU próximos ao cruzamento de Zikim, controlado por Israel. Outros 10 morreram em circunstâncias semelhantes no Corredor Morag, entre Khan Younis e Rafah.
Ataques do Iémen voltam a atingir Israel
Ainda na madrugada de terça-feira (5), as forças armadas de Israel informaram ter interceptado um míssil lançado do território do Iémen, conforme noticiado pela imprensa local.
Na semana anterior, os Houthis — grupo rebelde iemenita apoiado pelo Irã — haviam prometido continuar atacando navios comerciais vinculados a empresas com relações comerciais com portos israelenses. O grupo exige o fim da ofensiva militar em Gaza e a suspensão do bloqueio ao território palestino como condição para evitar uma escalada no conflito.