Durante participação no programa CNN Sinais Vitais, exibido no sábado (2), os médicos Denise Hachul e Francisco Darrieux, ambos cardiologistas do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), chamaram atenção para os riscos associados ao consumo de bebidas energéticas, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento de arritmias cardíacas.
Segundo os especialistas, o consumo de energéticos tem crescido entre pessoas de diferentes faixas etárias, mas representa um risco relevante à saúde por conta da alta concentração de cafeína. Enquanto o café, uma bebida de origem natural, pode oferecer propriedades antioxidantes, os energéticos chegam a conter entre 500 e 600 miligramas de cafeína, superando a quantidade máxima diária recomendada. Além da cafeína, essas bebidas combinam outros elementos que podem ser prejudiciais ao sistema cardiovascular.
A composição dos energéticos inclui substâncias como taurina, que estimula a força de contração do coração e pode desencadear processos inflamatórios, e arginina, que tem efeito vasodilatador. Essa combinação pode levar ao aumento expressivo da frequência cardíaca, em especial quando ingerida antes ou durante atividades físicas.
De acordo com os médicos, estudos identificaram mais de 300 ingredientes ativos que não são listados nos rótulos dos energéticos. Um exemplo citado foi o de um homem de 35 anos que consumiu 24 latas da bebida em três dias e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Outro caso mencionado foi o de uma adolescente de 14 anos com episódios recorrentes de taquicardia causados pelo uso de um suplemento pré-treino que continha 600 miligramas de cafeína.
Os profissionais reforçaram a importância da atenção ao consumo dessas substâncias, sobretudo entre os mais jovens, grupo particularmente vulnerável aos efeitos nocivos desse tipo de bebida.