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Acidente
05/08/2025 07:00:00

Ex-oficiais israelenses pedem a Trump que pressione Netanyahu pelo fim da guerra em Gaza

Ex-oficiais israelenses pedem a Trump que pressione Netanyahu pelo fim da guerra em Gaza

Mais de 500 ex-integrantes dos serviços de segurança de Israel, incluindo antigos diretores do Mossad e do Shin Bet, fizeram um apelo nesta segunda-feira (4) ao presidente americano Donald Trump, pedindo que ele intervenha junto ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para encerrar o conflito na Faixa de Gaza.

A carta foi emitida pelo movimento Comandantes pela Segurança de Israel (CIS), grupo que reúne ex-militares, policiais, diplomatas e agentes de inteligência, e que sustenta que a guerra deixou de ser legítima. “Parem a guerra em Gaza!”, diz o manifesto assinado por 550 ex-altos funcionários. “Essa guerra deixou de ser justa e está fazendo com que Israel perca sua identidade”, afirmou Ami Ayalon, ex-diretor do Shin Bet, em um vídeo divulgado junto à carta.

Entre os signatários estão três ex-diretores do Mossad (Tamir Pardo, Efraim Halevy e Danny Yatom), cinco ex-chefes do Shin Bet (Nadav Argaman, Yoram Cohen, Ami Ayalon, Yaakov Peri e Carmi Gilon) e três antigos comandantes do Estado-Maior das Forças Armadas (Ehud Barak, Moshe Bogie Yaalon e Dan Halutz).

O vídeo destaca a experiência dos envolvidos, ressaltando que todos participaram de decisões estratégicas nos mais altos níveis do governo israelense. “Juntos, somam mais de mil anos de vivência em segurança nacional e diplomacia”, diz a locução. “O senhor já atuou no Líbano. É hora de fazer o mesmo em Gaza”, afirma o texto direcionado a Trump.

Segundo o grupo, os dois primeiros objetivos militares da guerra — desmantelar a estrutura armada e o governo do Hamas — já foram cumpridos pelas Forças de Defesa de Israel. No entanto, os ex-oficiais afirmam que o terceiro e mais importante — a libertação dos reféns — só pode ser alcançado por meio de um acordo político. “O Exército fez o que era possível com o uso da força. Agora é hora da diplomacia”, apontam.

A guerra teve início com o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.219 mortos, a maioria civis. O grupo sequestrou 251 pessoas, das quais 49 ainda permanecem em cativeiro — 27 delas, segundo o Exército israelense, já estariam mortas. Em resposta, a ofensiva militar de Israel já causou mais de 60 mil mortes em Gaza, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas, que são considerados confiáveis pelas Nações Unidas.

Na avaliação dos ex-comandantes, o Hamas já não representa mais uma ameaça estratégica real, e Israel possui capacidade de neutralizar os remanescentes do grupo extremista sem manter o atual nível de destruição. “Buscar os últimos líderes do Hamas pode esperar. Os reféns não”, sustentam.

A carta também faz um alerta sobre os danos políticos e humanitários causados pela guerra. Para os ex-oficiais, é urgente encerrar o conflito, devolver os reféns e formar uma coalizão regional e internacional que fortaleça uma Autoridade Palestina reformada, oferecendo aos habitantes de Gaza uma alternativa viável ao Hamas.

Tamir Pardo, ex-diretor do Mossad, afirmou que “o mundo está vendo uma realidade que nós mesmos criamos”. Ele criticou a narrativa adotada pelo governo israelense. “Vivemos por trás de uma mentira que vendemos ao público e que o mundo já percebeu não condizer com os fatos”, declarou.

Yoram Cohen, outro ex-chefe do Shin Bet, também apontou que o país está sendo conduzido por uma minoria radical. “Temos um governo levado por fanáticos messiânicos. Eles são poucos, mas controlam a política. Isso nos leva a um caminho irracional”, disse.