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Mundo
03/08/2025 16:00:00

Ucrânia descobre escândalo de corrupção na compra de drones

Ucrânia descobre escândalo de corrupção na compra de drones

Autoridades anticorrupção da Ucrânia revelaram neste sábado (2) um novo caso de desvio de recursos públicos, envolvendo a aquisição superfaturada de drones e sistemas de bloqueio de sinal para uso militar. O escândalo vem à tona apenas dois dias após as agências governamentais Nabu e Sapo recuperarem sua autonomia para investigar irregularidades, graças à pressão da sociedade civil contra um projeto de lei que retiraria sua independência.

A investigação resultou na prisão de quatro pessoas, incluindo um deputado, dois servidores públicos e membros da Guarda Nacional. Segundo comunicado das agências, o esquema consistia na assinatura de contratos com fornecedores por valores inflacionados em até 30%.

Um dos detidos é o parlamentar Oleksii Kuznetsov, filiado ao mesmo partido do presidente Volodimir Zelenski, que anunciou sua suspensão das atividades partidárias enquanto as apurações prosseguem.

Em pronunciamento nas redes sociais, Zelenski afirmou que “a única postura aceitável é a de tolerância zero à corrupção” e defendeu o “trabalho conjunto para expor irregularidades e garantir punições justas”. O presidente ucraniano, que ainda conta com apoio significativo da população e poderes ampliados devido à guerra, havia tentado anteriormente transferir o controle das agências para o procurador-geral, sob o argumento de evitar interferência russa. No entanto, recuou após forte reação interna e externa.

Aliados europeus da Ucrânia elogiaram a decisão, alertando que a perda de autonomia das agências anticorrupção poderia comprometer os planos de adesão do país à União Europeia.

Casos de corrupção relacionados à compra de equipamentos militares têm sido frequentes na Ucrânia desde o início da guerra contra a Rússia, em 2022. A Nabu e a Sapo já conduziram investigações importantes, como a que prendeu o então presidente da Suprema Corte, Vsevolod Kniaziev, acusado de receber US$ 3 milhões em propina, em 2023.

No Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional, a Ucrânia ocupa a 105ª posição entre 180 países — colocação próxima à do Brasil, que figura no 107º lugar. Quanto mais distante do topo do ranking, maior a percepção de corrupção no país avaliado.