A Ucrânia enfrenta nesta sexta-feira (1º) um dia de luto nacional após o bombardeio russo que atingiu Kiev na véspera e provocou 31 mortes, entre elas cinco crianças. Segundo as autoridades locais, os ataques deixaram ainda 159 feridos, incluindo 16 menores de idade. As operações de resgate, que se concentravam principalmente no bairro de Sviatochynsky, onde um míssil destruiu parte de um prédio residencial, foram encerradas nesta manhã.
O ataque, realizado com dezenas de drones e mísseis, foi um dos mais severos contra a capital ucraniana desde o início da invasão pela Rússia, em fevereiro de 2022. Quatro regiões da cidade sofreram danos. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lamentou o número de vítimas e reforçou o apelo à comunidade internacional por mais sanções e pressão sobre Moscou. “Infelizmente, 31 pessoas foram confirmadas mortas, incluindo cinco crianças. A mais jovem tinha apenas dois anos”, publicou Zelensky em suas redes sociais.
Julho registra recordes de ataques com drones e mísseis
Dados da agência France Presse, com base em números fornecidos pelas autoridades ucranianas, mostram que julho de 2025 bateu o recorde de lançamentos de drones russos desde o início da guerra. Foram contabilizados 6.297 drones de longo alcance utilizados, representando o terceiro aumento consecutivo e um crescimento de 16% em relação ao mês anterior. Além disso, a Rússia disparou 198 mísseis contra a Ucrânia ao longo do mês, o maior número registrado este ano depois de junho.
A intensificação dos ataques fez com que os moradores ucranianos passassem a buscar abrigo constantemente, principalmente nos túneis do metrô. A Organização das Nações Unidas já havia demonstrado preocupação com o crescimento no número de vítimas civis.
Putin fala em “paz duradoura”, mas mantém exigências
Em reunião com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, o presidente russo Vladimir Putin declarou desejar uma “paz duradoura” na Ucrânia. Apesar disso, reafirmou que as condições impostas por Moscou continuam as mesmas: reconhecimento da anexação da Crimeia, cessão de quatro regiões atualmente ocupadas parcialmente pelas forças russas — Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson —, fim da entrega de armas ocidentais e abandono das aspirações ucranianas de ingressar na Otan.
Kiev, por sua vez, considera tais exigências inaceitáveis. O governo ucraniano insiste na retirada completa das tropas russas e na manutenção do apoio militar e diplomático de seus aliados ocidentais.
Estagnação nas negociações e novas ameaças
As negociações entre Ucrânia e Rússia continuam paralisadas. Entre maio e julho, representantes dos dois países se reuniram três vezes na Turquia, mas os encontros resultaram apenas em trocas de prisioneiros, sem qualquer avanço em relação a um cessar-fogo.
Zelensky reafirmou nesta sexta-feira sua disposição para um encontro direto com Vladimir Putin, mas a proposta foi rejeitada pelo Kremlin. “Sabemos quem pode pôr fim a esta guerra. Estamos prontos para uma reunião de líderes a qualquer momento”, disse o presidente ucraniano.
Ainda nesta sexta, Putin anunciou que a Rússia iniciou a produção em série do míssil hipersônico Oreschnik, capaz de carregar ogivas nucleares. Segundo o líder russo, o armamento poderá ser instalado em breve em território bielorrusso. “Os locais para as futuras instalações já foram escolhidos por nossos especialistas militares, tanto da Rússia quanto de Belarus, e os trabalhos para preparar essas posições estão em andamento”, declarou.