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Alagoas
01/08/2025 21:00:00

Reservas de lítio e urânio em Alagoas chamam a atenção da classe política

Reservas de lítio e urânio em Alagoas chamam a atenção da classe política

Em meio às tarifas econômicas aplicadas ao Brasil pelos Estados Unidos, a produção de elementos minerais estratégicos voltou a ocupar o centro das atenções da classe política e de representantes dos governos federal e estaduais. Em especial, os recentes estudos sobre a Bacia Alagoas despertaram grande interesse por apontarem a presença de reservas de minerais essenciais à transição energética global.

Localizada no litoral nordestino, com uma extensão de aproximadamente 350 quilômetros, a Bacia Alagoas está sendo objeto de atualizações técnicas e novas pesquisas conduzidas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). O órgão identificou ocorrências relevantes de elementos terras raras (ETRs), lítio, urânio e nióbio tanto em Alagoas quanto na região limítrofe de Sergipe.

A descoberta é considerada estratégica diante da crescente demanda global por minerais fundamentais à produção de baterias, veículos elétricos, turbinas eólicas, equipamentos eletrônicos e tecnologias sustentáveis. As reservas alagoanas podem posicionar o estado como um importante polo de abastecimento para países como Estados Unidos, China e outras nações asiáticas.

As pesquisas foram realizadas por meio de aerogeofísica, uma técnica que permite mapear o subsolo com sensores instalados em aeronaves, sem necessidade de escavações. Os dados obtidos revelaram anomalias no campo magnético terrestre e variações na concentração de potássio, urânio e tório, possibilitando a identificação de estruturas geológicas que indicam a existência de depósitos minerais.

Os resultados do estudo não apenas apontam o potencial econômico do subsolo alagoano, mas também são considerados fundamentais para o planejamento territorial e ambiental, além de atrair investimentos para o setor mineral e impulsionar um modelo de desenvolvimento sustentável.

O urânio, em especial, tem ganhado destaque como uma das principais apostas para a transição energética do século 21. Com o avanço da energia nuclear e a redução da dependência de combustíveis fósseis, o mineral é visto como o “novo petróleo” no cenário geopolítico mundial. Atualmente, o Brasil detém a sétima maior reserva global de urânio.

A descoberta em Alagoas ocorre num momento de expansão da produção global de minerais estratégicos, que cresceu cerca de 4% entre 2020 e 2022. Especialistas preveem que a tendência de crescimento continue nos próximos anos, apesar de obstáculos como o ambiente de investimentos conservador, a burocracia regulatória e os desafios técnicos na abertura de novas minas e plantas de beneficiamento.

Nesse contexto, a riqueza mineral do estado representa uma oportunidade histórica para que o Brasil assuma protagonismo no setor energético e tecnológico, promovendo a economia circular e reduzindo a dependência de insumos externos.