Perante situação de fome, mais ajuda humanitária é lançada por via aérea sobre a Faixa de Gaza

Diante da grave crise alimentar na Faixa de Gaza, a Jordânia informou ter realizado neste domingo três lançamentos aéreos de ajuda humanitária sobre o território, incluindo uma operação conjunta com os Emirados Árabes Unidos. A iniciativa ocorreu após a abertura de corredores humanitários por parte de Israel e o início de uma pausa limitada nos confrontos.

Os aviões jordanianos lançaram cerca de 25 toneladas de alimentos e suprimentos em diferentes pontos do enclave palestiniano. Apesar dos esforços, palestinianos relataram dificuldades para acessar os mantimentos, que muitas vezes caem em áreas sob controle militar, dificultando a coleta dos produtos.

As entregas de ajuda humanitária foram retomadas depois de Israel ter liberado um corredor de acesso no sábado à noite. No domingo, o exército israelita declarou que implementou uma trégua diária de 10 horas em três regiões densamente povoadas de Gaza, como parte de medidas destinadas a facilitar a distribuição de auxílio.

O próprio exército israelense afirmou também ter participado dos lançamentos aéreos, incluindo o envio de pacotes com farinha, açúcar e alimentos enlatados. A decisão ocorre em meio ao aumento das denúncias de fome severa na região, com imagens comoventes de crianças palestinianas desnutridas circulando amplamente nas redes sociais e na imprensa internacional, gerando forte reação da comunidade global.

ONU elogia medidas para aliviar o bloqueio, mas alerta para riscos que ainda subsistem

Neste domingo, a ONU reconheceu os esforços recentes para atenuar o bloqueio e permitir a chegada de mantimentos, mas advertiu que apenas um cessar-fogo mais amplo pode garantir que a ajuda alcance todas as pessoas necessitadas em Gaza. Para a UNICEF, a trégua parcial representa "uma oportunidade para salvar vidas", enquanto a Organização Mundial da Saúde apontou que os índices de desnutrição seguem crescendo perigosamente, com número crescente de mortes registradas em julho.

Especialistas vêm alertando há meses para o risco iminente de fome em grande escala no enclave palestiniano, agravada por restrições impostas por Israel ao fluxo de ajuda, sob a alegação de que o grupo Hamas estaria desviando recursos humanitários. Contudo, o governo israelita não apresentou provas concretas para sustentar tal acusação.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou essa suspeita ao comentar a crise em Gaza durante uma visita à Escócia neste domingo. "Estamos enviando muito dinheiro, comida e tudo mais. Se não estivéssemos ajudando, as pessoas já teriam morrido de fome, e mesmo assim não estão se alimentando bem, porque grande parte dessa comida está sendo roubada pelo Hamas", disse Trump.

No entanto, suas declarações contrastam com os resultados de uma análise interna recente conduzida pelo governo dos EUA. O relatório apontou que não há evidências de desvios sistemáticos de ajuda humanitária por parte do Hamas, especialmente em relação à assistência financiada pelos Estados Unidos e distribuída por meio da Fundação Humanitária de Gaza, uma entidade privada encarregada da gestão dos recursos.