A Braskem anunciou oficialmente nesta terça-feira (29) que encerrará em definitivo suas atividades de mineração e não retomará a extração de sal no Brasil. A declaração foi feita pelo presidente da companhia, Roberto Ramos, durante participação no videocast UOL Líderes, e representa uma mudança definitiva de postura após o colapso geológico que afetou cinco bairros de Maceió.
“Fechamos as minas e nunca mais vamos nos envolver nessa atividade”, afirmou Ramos, referindo-se à exploração de salgema realizada por décadas e apontada como a principal responsável pela instabilidade do solo nos bairros Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e parte do Farol. A situação forçou milhares de famílias a abandonarem suas casas, transformando as regiões afetadas em áreas inabitáveis, desprovidas de serviços básicos.
Desde que foi responsabilizada oficialmente pelo desastre, a Braskem suspendeu toda a atividade de mineração e deu início ao processo de preenchimento das cavidades deixadas no subsolo. Segundo o presidente, esse processo está sendo conduzido com base em estudos geológicos que definem se será utilizado água ou areia para selar os espaços anteriormente ocupados por sal.
“A ideia é manter uma pressão constante para evitar novos deslocamentos. Em alguns pontos, a melhor opção é usar água; em outros, apenas areia”, explicou Ramos.
O plano de recuperação das áreas afetadas prevê um prazo de pelo menos dez anos. De acordo com o executivo, a operação precisa ser conduzida de forma gradual para não causar novos desajustes no subsolo. “Não pode ser feito rapidamente, porque o preenchimento precisa ser cuidadoso e técnico”, alertou.
Enquanto a empresa promete estabilizar as minas, moradores de comunidades próximas às áreas evacuadas, como Flexais de Cima e Flexais de Baixo, continuam reivindicando inclusão nos programas de compensação. Eles alegam que, mesmo não estando na área desocupada oficialmente, vivem isolados e sem acesso a serviços públicos desde que os bairros vizinhos foram esvaziados.