Em entrevista concedida nesta terça-feira (29) à CNN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo brasileiro não pretende adotar medidas de retaliação imediata às tarifas impostas pelos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump. Segundo ele, uma resposta "na mesma moeda" não está entre as opções consideradas pelo Palácio do Planalto.
“Os termos estão sendo debatidos, mas é preciso muita cautela. Medidas simétricas não estão entre as possibilidades, pois o foco é proteger os interesses do povo brasileiro”, explicou o ministro.
Haddad ainda apontou que a decisão de Trump pode acabar sendo prejudicial aos próprios norte-americanos, ao aumentar o preço de alimentos consumidos cotidianamente nos Estados Unidos. “Não podemos incorrer no erro de encarecer produtos que ajudam a impulsionar a produtividade da nossa economia”, completou.
A resposta brasileira à medida adotada por Washington está sendo delineada em um plano de contingência elaborado por técnicos do governo federal. O documento foi concluído na última quinta-feira (24) e prevê, entre outros pontos, a criação de uma linha de crédito destinada a empresários prejudicados pelas novas tarifas. A proposta foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidirá quais ações serão efetivamente implementadas.
Durante os encontros do comitê interministerial, o vice-presidente Geraldo Alckmin já havia manifestado oposição à ideia de adotar represálias. Mesmo com declarações mais contundentes de Lula em ocasiões anteriores, o governo trabalha com o objetivo de minimizar os impactos negativos da medida americana.
A avaliação interna é de que uma retaliação poderia agravar ainda mais a situação, principalmente porque boa parte das tecnologias utilizadas por indústrias e produtores brasileiros são fornecidas por empresas dos Estados Unidos. Além disso, há o temor de que uma escalada tarifária leve Trump a responder com sanções ainda mais severas.