Há exatamente 17 anos, a população de União dos Palmares, então em plena fase de crescimento, lotava o auditório da Prefeitura Municipal, tomada pela comoção, incredulidade e saudade. Era a última oportunidade de ver José Carrilho Pedrosa, inerte no mesmo espaço onde por duas vezes assumiu a missão de comandar os destinos da cidade. Nascido no distrito de Rocha Cavalcante, Zé Pedrosa era filho do agricultor José Pedrosa e de Maria de Lourdes Carrilho Pedrosa. Estava a poucas horas de seguir para um plano mais elevado.
Sua partida deixou os filhos Rafael e Tiago, frutos do casamento com a odontóloga Rosário de Albuquerque Pedrosa, além de uma legião de admiradores em União dos Palmares e em toda a região do Vale do Mundaú. A cidade, berço de figuras ilustres como Jorge de Lima, perdeu naquele momento seu último prefeito genuinamente palmarino, um homem sensível às necessidades do povo humilde, conhecido por sua fama de bravo, mas com um coração imensurável quando se tratava de estender a mão a quem precisava.
Zé Pedrosa iniciou os estudos em Rocha Cavalcante onde nasceu, depois mudou-se para União dos Palmares e após concluir o Curso de Engenheiro Agrônomo na Paraiba. Ganhou a admiração do empresário João Lyra, proprietário da Usina Lajinha, onde atuou inicialmente como gerente de campo. Mais adiante, foi designado para comandar a Usina Guaxuma, que enfrentava dificuldades operacionais. Após resolver os problemas, voltou à Lajinha como gerente geral.
Em uma ocasião, revelou sua paixão pela política, estimulada por seu grande amigo Manoel Gomes de Barros. Os dois, no entanto, romperam laços políticos e pessoais após divergências eleitorais. Foi a partir desse ponto que seu caminho político se definiu. Disputou a eleição seguinte, mas foi derrotado em um pleito marcado por fraudes. Após recorrer à Justiça, teve sua vitória reconhecida e começou a governar de forma cautelosa, temendo novas investidas judiciais. Ainda assim, resistiu a diversas tentativas de tirá-lo do cargo, mantendo-se respaldado por decisões legais.
Mais adiante, aceitou disputar a reeleição, atendendo a um pedido de João Lyra, e tendo como companheiro de chapa o advogado Areski de Freitas. Foi novamente vitorioso e seguiu no comando da prefeitura até sua morte repentina.
A trajetória de Zé Pedrosa serve de inspiração: de filho de agricultor a prefeito de sua cidade, sempre priorizando os mais humildes. Entre os marcos de sua administração está a inauguração do Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, hoje reconhecido como Patrimônio da Humanidade.
Durante seus mandatos, a prefeitura manteve-se de portas abertas à população. Não havia segredos nem alianças obscuras. Sua casa, simples, tornou-se abrigo para os mais necessitados.
José Carrilho Pedrosa foi sepultado ao lado do pai, no Campo Santo dos Palmares. Dezessete anos depois, resta a saudade e a memória de um homem público que marcou época. Que Deus o conserve junto a Si, Pedrosa. Você fez por merecer.