A constante aversão à luz manifestada pelo cantor Ozzy Osbourne, ícone do heavy metal, reacendeu o debate sobre os efeitos do Mal de Parkinson e as consequências de seu tratamento. Conhecido por estar sempre de óculos escuros, Ozzy revelou em 2020 que sua condição era resultado de uma mutação genética associada ao parkinsonismo. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, a fotofobia sofrida pelo músico foi causada tanto pela doença quanto pelo olho seco induzido por medicamentos utilizados em seu tratamento.
De acordo com Queiroz Neto, a privação constante de luz também impactou o relógio biológico de Osbourne. Isso ocorre porque funções vitais do organismo — como temperatura corporal, pressão arterial e produção hormonal — são reguladas pela exposição à luz em ciclos de 24 horas. No caso do cantor, o desconforto com ambientes iluminados acabou influenciando sua saúde de forma mais ampla.
A fotofobia é mais comum em albinos, pessoas loiras e, principalmente, em indivíduos com olhos claros, devido à menor quantidade de melanina na íris. Isso permite que mais luz atinja a retina, sensibilizando as células fotorreceptoras. Ainda assim, nem todos desenvolvem o problema, que pode ser idiopático — sem causa definida — ou resultar de outras condições.
Entre os fatores que podem provocar a fotofobia estão olho seco, astigmatismo, ceratocone, enxaquecas, cicatrizes ou inflamações na córnea, doenças como conjuntivite, toxoplasmose e herpes, além de condições neurológicas, psicológicas e psiquiátricas, como o próprio Parkinson.
Além das doenças, certos medicamentos também podem desencadear sensibilidade à luz. O oftalmologista destaca como exemplos os anticolinérgicos usados no tratamento do Parkinson, anti-histamínicos, alguns antidepressivos, cloroquina, hidroxicloroquina, corticoides, antibióticos como a tetraciclina e até anti-hipertensivos. Em casos em que a doença não é crônica, a fotofobia tende a desaparecer com a suspensão do tratamento.
O tratamento da fotofobia varia conforme a causa. Nos casos idiopáticos, o uso de óculos escuros com proteção ultravioleta, de preferência com laterais fechadas, é a principal medida para aliviar o desconforto. Em muitos pacientes, a condição pode desaparecer espontaneamente, mas a recomendação médica é procurar um oftalmologista ao menor sinal do problema para evitar complicações futuras.