A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália. O deputado italiano Angelo Bonelli, um dos principais defensores da extradição da parlamentar brasileira, informou em seu perfil na rede social X (antigo Twitter) que localizou o endereço onde Zambelli se encontrava e repassou a informação para a polícia local.
“Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli”, escreveu Bonelli.
No momento da prisão, a deputada apresentou pedidos de asilo político e de não-extradição.
Zambelli havia deixado o Brasil em junho alegando que faria um tratamento médico e que solicitaria licença do mandato, o que ainda não foi formalizado. Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) a condenou a dez anos de prisão por ter coordenado a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrida em 2023. Dois dias após deixar o país, seu nome foi incluído na lista vermelha da Interpol.
Conforme as investigações, o hacker Walter Delgatti Neto inseriu, a mando da deputada, um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. O documento forjado dizia: “Expeça-se o mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L”. Zambelli também responde a outro processo no STF, relacionado ao episódio em que perseguiu um homem com um revólver nas mãos antes das eleições de 2022.
Em vídeo publicado no Instagram, o advogado Fábio Pagnozzi, representante legal de Zambelli, afirmou que ela decidiu se apresentar voluntariamente às autoridades italianas, negou que estivesse foragida no país e reiterou a intenção de buscar a não-extradição. Na mesma publicação, a deputada afirmou estar confiante na Justiça italiana, criticou o STF e declarou que não pretende retornar ao Brasil para cumprir pena. Segundo ela, se tiver que cumprir alguma condenação, será na Itália.
Ela declarou: “Vou me apresentar às autoridades italianas e estou muito segura de fazê-lo, porque aqui nós ainda temos justiça e democracia, não temos um ditador no poder, não temos a autoridade ditatorial de um Alexandre de Moraes e seus comparsas da Suprema Corte. Estou calma, tranquila, o coração sereno de que, aqui, buscarei justiça para o meu caso. Quando disse que era intocável, é porque disse que só Deus poderia me tocar. Eu não vou voltar para o Brasil para cumprir pena. Se tiver que cumprir qualquer pena, vai ser aqui na Itália”.
Por determinação do STF, as redes sociais da deputada e de seus familiares foram retiradas do ar. Na gravação, Zambelli negou ter ordenado a invasão ao sistema do CNJ e afirmou que o hacker Delgatti alterou diversas vezes seu depoimento.
A Polícia Federal confirmou nesta terça-feira (29) que a prisão da deputada contou com a colaboração das autoridades italianas. A corporação informou que Zambelli será submetida ao processo de extradição.
“Autoridades italianas prenderam na tarde desta terça-feira (29/7), em Roma, uma brasileira que se encontrava foragida no país. A medida é resultado de cooperação policial internacional entre a Polícia Federal, a Interpol e agências da Itália”, informou a PF em nota oficial.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, declarou que aguarda manifestações do Ministério da Justiça e das autoridades italianas. Segundo ele, cabe à Câmara apenas deliberar sobre a perda de mandato da parlamentar, conforme o regimento e a Constituição, e não sobre sua prisão.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara já havia aberto um prazo de cinco sessões, a partir de 24 de junho, para que a deputada apresentasse sua defesa no processo de cassação do mandato.