A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, firmaram neste domingo (27) um acordo comercial preliminar com o objetivo de impedir uma guerra tarifária entre os dois blocos econômicos. O encontro ocorreu na Escócia, poucos dias antes do prazo final de 1º de agosto, estipulado por Trump para a imposição de tarifas punitivas.
Pelo acerto, a maior parte das exportações da União Europeia para os EUA será submetida a uma tarifa geral de 15%. Essa taxa representa uma redução em relação à ameaça anterior de 30%, feita por Trump no início do mês. A tarifa também está abaixo dos 20% impostos temporariamente em abril e inferior às taxas negociadas com países como Indonésia e Filipinas (ambos com 19%). Os produtos americanos exportados para a UE terão tratamento ainda não detalhado.
Von der Leyen destacou que o acordo trará estabilidade e previsibilidade para empresas de ambos os lados do Atlântico e afirmou que se trata de uma negociação abrangente. Trump, por sua vez, celebrou o desfecho como “o maior acordo já feito”, destacando a força econômica das duas regiões e o impacto do pacto.
O acordo também prevê isenções tarifárias para setores estratégicos como aeronaves, semicondutores, matérias-primas críticas, alguns produtos agrícolas e químicos. Medicamentos europeus, no entanto, continuarão sujeitos à tarifa de 15%, e Trump reafirmou a intenção de incentivar a produção farmacêutica dentro dos Estados Unidos.
No campo energético, a União Europeia se comprometeu a comprar mais de US$ 250 bilhões anuais em gás natural liquefeito (GNL) e combustíveis nucleares norte-americanos como parte de uma estratégia para reduzir a dependência da energia russa. Estima-se que esse valor alcance US$ 700 bilhões até o fim do segundo mandato de Trump.
Apesar do acordo, von der Leyen admitiu que as concessões foram difíceis. Inicialmente, ela havia proposto uma política de tarifas zero entre os dois blocos, mas a pressão crescente dentro da UE — especialmente após a ameaça dos 30% — acabou acelerando a busca por um consenso. Países como França e Espanha pediam retaliações, enquanto Alemanha e Itália pressionavam por uma solução negociada.
A Comissão Europeia havia preparado listas de retaliações que somavam 93 bilhões de euros em produtos norte-americanos, mas elas não chegaram a ser aplicadas devido às divisões internas entre os Estados-membros.
Ainda há incertezas sobre a validade jurídica do novo modelo tarifário nos EUA. Na próxima semana, um tribunal federal começará a julgar uma ação que contesta a autoridade de Trump de impor tarifas generalizadas sob justificativa de emergência nacional. O desfecho desse processo poderá afetar a aplicação plena do acordo.
Von der Leyen reconheceu que os 15% representam um desafio para setores específicos, mas considerou que manter o acesso ao mercado americano é essencial. Ela também declarou que a UE seguirá ampliando seus acordos comerciais globais para proteger seus exportadores e investidores.